O tombo
Dias atrás conversando numa roda de amigos, rimos pra valer com as histórias contadas sobre tombos que nos pegam de surpresa no dia a dia. Tombos de verdade, daqueles de estatelar no chão e não saber com que cara olhar para as pessoas que presenciam o fato. O infeliz perde o rebolado, fica vermelho, não sabe se ri ou chora. Quando a vítima é uma pessoa idosa, existem milhares de desculpas e sempre tem alguém pronto para socorrer.
Tropicão em degraus de escadas, nas guias, ou mesmo em pequenos buracos nas calçadas também valem para a galera soltar o riso. E trombada em poste? Essa é de doer. Quando criança, sou nascido e criado em Tietê-sp, passando em frente ao antigo bar do Maurílio, lembro-me de ter “enfrentado” a fúria de um poste. Eu voltava com meu pai e irmãos de uma missa na igreja Matriz e no momento em que olhei alguma coisa que ficou pra trás, “pimba”... Que dor!
Mas na conversa que tive com os amigos nesse dia, fiquei sabendo de um político de Tietê, sujeito bom toda vida, simples e humilde, que ao subir a rampa do palácio do governo em Brasília, pela primeira vez na sua vida, conseguiu um recorde de três tombos seguidos. Ele vestia um sapato novinho em folha, comprado pela sua esposa e, justamente lá, onde está o comando político brasileiro, esse nosso amigo sofreu essa pequena injustiça das surpresas do cotidiano.
Tem gente que tomba com facilidade. Qualquer pequeno descuido, pronto, tá no chão. Com a devida autorização do nosso diretor do jornal que trabalho no momento, relato um tombo histórico sofrido por ele.
Antes, porém, devo contar que dias desses, na redação do jornal, por simples descuido, quando nos demos conta, ele já estava no chão, reclamando de dores no ombro.
Na festa do Gargalo, quando o time ficou campeão da Copa Tietê 2000, fomos tomar uma geladinha junto com o pessoal na sede do clube. Lá chegando, sem ainda ter tomado nada, quando olhei pro lado vi o diretor estatelado no chão. Ainda bem que pouca gente viu, porque ele conseguiu levantar-se rapidinho.
Mas o tombo histórico dele aconteceu no concurso da Rainha do Rodeio das Nações, em Franco da Rocha, onde o corpo de jurados era formado por artistas famosos da televisão. Meu diretor foi convidado para fazer parte do jurado e como ele mesmo conta ficou vislumbrado com o requinte do ambiente. Luzes, cores, festa ao ar livre para fazer inveja aos mais exigentes. Lá estava ele, posicionando-se para tomar assento no seu lugar. Olhava para o alto, para o lado e admirava as lindas mulheres que passavam ao seu lado. Extasiado com tanta luxúria e sensualidade, ele foi sentar-se. Foi um segundo, apenas um segundo e percebeu que estava no chão, pois abriu os olhos e viu as estrelas no céu e ao lado as pernas das estrelas da TV.
Quem me contou esta outra foi um amigo, que faz o nosso esporte. Ele acompanhou uma excursão com as crianças da Escola Lyria ao Shoping Eldorado. A professora, preocupada com a criançada, resolveu amarrar nelas uma cordinha para que não se perdessem. Ao subirem uma escada rolante, aconteceu o inesperado. Uma das crianças se perdeu no passinho e tropicou no degrau e o resultado foi um amontoado de crianças rolando escada abaixo e um monte de gente tentando ajudar.
Falei dos outros, mas a minha história foi vexatória. Faz tempo, lá pelos anos 77 ou 78, quando o Oscar era o gerente do Banco Itaú. Sua mesa ficava logo na entrada do prédio, ao lado esquerdo, sobre um tablado de madeira da altura de um degrau de escada. Naquele tempo não existia muita fila como hoje, mas o número de funcionários era grande. Assim, na hora que entrei na agência, tinha bastante gente que acompanhou minha tragédia. Entrei apressado no banco para conversar com o sr. Oscar e tropiquei no degrau do tablado. Caí de joelhos com as mãos apoiando a mesa do gerente. O barulho no tablado chamou a atenção de todos que lá estavam e só tive tempo de ouvir alguns comentários entre os risos: “ei, Carniel, pedindo empréstimo de joelhos?”