O causo do ciumento

Pra que ciúme? Ciúme não é garantia de fidelidade. Se assim o fosse, não aconteceria o que aconteceu com o José.Se bem que ele nem sabe que aconteceu.

O “causo” é o seguinte: José com seus quarenta anos engraçou-se por Francisca, menina nova, quinze anos,bonita e que acabara de perder o pai.Com a morte do pai, Francisca já não tinha as mesmas regalias e conforto que o pai mantia em vida e as dificuldades financeiras da família obrigaram todos a trabalhar, inclusive ela.

Com a responsabilidade de quem já ganhava o próprio sustento, gozava também de uma certa liberdade.Trabalhar e estudar não é fácil.Também tem que se divertir, dizia a mãe.

Foi num desses passeios que Francisca conheceu José. Ele um homem mais velho,talvez

representasse para ela a figura da segurança que havia perdido com a morte do pai, não era o amor nem o príncipe e sem se dar conta disso, acreditava estar apaixonada.José, sim estava apaixonado pelos longos cabelos negros,pele macia e jovem e sorriso encantador, estremecia-lhe as pernas.Tratou logo de segurar aquele amor, aquele presente dos deuses, não poderia ser de outro, somente dele.Francisca engravidou.

Foi um alvoroço na casa de Francisca.A mãe, sentia-se traída e não deu a ela outra opção a não ser a de se casar.O que as pessoas diriam?

Não fosse o fato de a mãe estar magoada, Francisca estava feliz.

José atencioso, carinhoso, compreensivo, deu lugar ao José possessivo, mandão, grosseiro e ciumento.Começou a beber.Os sonhos de Francisca, só não desmoronaram todos porque ela apegou-se a Deus.Evangélica, era da igreja pra casa, da casa para a igreja duas vezes por semana.Fora isso ficava trancada em casa.Não lhe era permitido ir Nem mesmo ao portão.Em dezesseis anos juntos, vieram mais dois filhos e mais sofrimento, ciúme e ignorância.Mas sempre fora fiel, boa mãe e esposa, mesmo cansada de tudo aquilo.

Foi na igreja que conheceu Armando, motorista de ambulância que morava bem próximo á casa dela.Francisca, já conseguia sair de casa para trabalhar como doméstica

Para ajudar no sustento dos filhos e com certa freqüência via o Armando de passagem.

José confiava em qualquer um, menos em Francisca.

Uma noite, Francisca sentiu-se mal.O marido, levou-a ao hospital.Coincidência ou não, era o hospital em que Armando trabalhava.Francisca o viu quando se dirigiu ao consultório numa sala onde os motoristas descansavam.

Na igreja,Francisca e Armando se olhavam e quase não continham o desejo de estarem juntos, nem que fosse por única vez.Na saída da igreja, ele disse: Estou de plantão amanhã.

No dia seguinte, a tarde, ela passou mal.O marido ciumento escoltou-a até o hospital.

Ela entrou e dirigiu-se não ao consultório, mas a sala de descanso dos motoristas...

Armando, quando a viu entrando, pediu licença aos companheiros, queria conversar em particular.

Francisca e Armando agora, teriam que pedir perdão muitas vezes.Amaram-se ali, enquanto o marido de Francisca aguardava no saguão.

José, sem saber de nada, ficou feliz ao vê-la saindo:-Puxa até que enfim!Não tenho o dia todo não! Vai... entra aí. Vamos embora que você tem janta pra fazer. E bateu a porta do carro com tanta força, que a outra quase se abriu.

Francisca riu, um riso disfarçado.

O que você tem mulher?O que o medico disse?Você vai morrer em quanto tempo? disse rindo.

Francisca, pôs a mão na cabeça, fingindo ter dor e disse:

È enxaqueca José...e o médico acha melhor eu fazer um tratamento aqui no hospital, uma vez por semana.

Ta, disse ele.Pode marcar que eu te trago.

Francisca foi pra casa tão feliz, que nem a consciência pesou...

(Texto fictício)

Elicia Dock Holtz
Enviado por Elicia Dock Holtz em 14/11/2009
Reeditado em 20/11/2009
Código do texto: T1923714
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