Dentista - a constatação (parte 1)
Ai. Meu. Deus.
Que tipo de pessoa marca uma consulta em Ipanema, com um dentista especialista em estética famoso, vai até o consultório e, ao adentrar o local, percebe um detalhe importantíssimo: não fez a pergunta, com antecedência, a respeito do preço da consulta? Eu, prazer.
Meu nome é Fernanda, estudante em fim de curso com uma rotina frenética, o corpo sobrecarregado, o bolso sempre leve e sem tempo para nada. Para quê lembrar de perguntar o preço desta consulta, com tantas coisas em mente, não é mesmo?!
NÃO ACREDITO! Sou uma pobre estudante... Coloco-me a pensar no possível preço desta consulta enquanto estou na sala de espera muito bem mobiliada e iluminada, lendo disfarçadamente umas revistas de economia - atuais, acredite. Todos os sinais indicam qualidade, sofisticação, dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Muito dinheiro.
Que MEDO. Que agonia. Minha conta bancária (universitária, daquelas sem taxas) já começa a doer neste momento. Sinto como se meu bolso estivesse dando passos para a porta do consultório rumo ao elevador e à fuga... Mas a assistente do dentista trancou a porta e sumiu, nem adianta. Não há sequer janelas para um plano B.
Há apenas duas portas visíveis do sofá onde estou, mas não são portas de fuga. São as portas que dão passagem para a facada monetária que estou prestes a receber em alguns minutos. Já posso sentir a adrenalina que pressente o SUSTO.
Ao passar por uma daquelas portas, sentarei naquela espécie de divã dentário abominável das trevas para receber a inesperada notícia. Estes estão sendo os dez minutos mais longos de minha vida.
Opa, o dentista acaba de abrir a porta e acompanha uma paciente até a saída. Deixe-me esconder meu caderninho de desabafos antes que ele veja. Depois volto para contar o que aconteceu. É agora.