A caminhada
Quem anda de manhã ou de tardezinha pelas principais avenidas de Vilhena observa várias pessoas andando, fazendo caminhadas, algumas correndo, todas fazendo o seu exercício diário tão necessário. Mas vai observar também que são pessoas maduras, senhoras casadas, senhores, infelizmente sozinhos, ou elas com algumas amigas, dificilmente se vê um casal andando ou correndo juntos. É um choque, para mim é, ver que quando do tempo da corte, no tempo de namoro, os casais não se desgrudavam, queriam tomar conta um do outro, ciúmes, zelo, estar perto era a grande emoção. Com o passar do tempo isso foi deixando de existir. Tem alguns homens e, pasmem, até mulheres, que chegam ao absurdo de dizer em alto e bom tom que: - É melhor sozinho(a) do que mal acompanhado(a). Tenho para mim que um coração duro cheio de egoísmo faz uma boca dizer isso do cônjuge. Claro que falo regra geral. As promessas e juras que tanto fizeram diferença na juventude não o são mais. Hoje estar perto, andar perto, cuidarem-se, tornou-se algo enfadonho para não dizer um enjôo só. O marido faz de tudo para ter a esposa longe, expor-se com ela em uma simples caminhada, parece o fim do mundo. Quem for mais sensível vai ver nos olhos daquela caminhante uma solidão de doer. Você que me lê pode até discordar, porque talvez esse não seja o seu caso, mas é exceção, pois observe com mais atenção, se quiser, e perceba. É de sentir na alma que o bom seria estar com o esposo lado a lado, um cuidando do outro, daquele que tanto ajudou na mocidade, na formosura, por assim dizer. Não são os problemas de saúde que mais afetam: como a pressão alta, o nível do colesterol ou triglicéride, as estrias, a celulite ou mesmo os charmosos cabelos brancos, não são esses os vilões, o que derruba é a falta de gratidão, companheirismo, reconhecimento, enfim a solidão mesmo estando a dois. E quando observei isso, pensei na política, ela não é tão ingrata assim. A cada quatro anos, a corte, o namoro, o zelo, as visitas e até o ciúmes voltam à tona. E isso me dá certa alegria. Pois pelo menos os políticos sabem que se não cuidar o eleitor feio ou bonito, saudável ou não, cabelos tingidos ou grisalhos, não interessa, se não andar junto, outro vem e pega pra ele, e eles, os políticos, é que vão acabar andando e correndo sozinhos. Que maridos e esposas, mais os maridos, aprendam com os políticos, cuide um dou outro, se não for por carinho que seja pelo menos por reconhecimento do tanto bem que lhes foi feito. Ah, outra coisinha mais, mas não esperem para serem assim de quatro em quatro anos, ok?