A INSÔNIA (Comente)
Foi em uma noite dessas que meus pensamentos começaram a tomar proporções imensuráveis. Não demorou para que eu estivesse entorpecido por uma tristeza sem precedentes, dessas que nem mesmo a bússola da razão mais apurada conseguiria nortear.
Abri a janela de meu quarto, a qual ficava de frente a casa de uma moça, cujo a natureza psíquica não fora generosa. O ar daquela da madrugada soprava morno, a brisa pairava sobre as folhas das árvores ocultando toda crueza que o sol havia lhe proporcionado durante o dia. O único protagonista da madrugada era um cão vira-lata que fazia o diagnóstico em cada lata de lixo que encontrava.
A monotonia se reciclava a cada tic-tac do relógio, os olhos embriagados pelo sono não mais correspondiam às pálpebras. Contudo aquele melancólico silêncio foi interrompido por um grito rouco e seco, dando a impressão de ter saído de uma única corda vocal.
Toda véspera de natal lembro-me daquela moça. Embora sua natureza psíquica não fora generosa ao menos soube ele tingir a mudez de sua insanidade com as cores da eternidade.
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