Quem não arrisca Não petisca

O despertador dispara, são oito horas da manhã e eu aqui deitado com três garrafas vazias de vinho sobre a cama.

- Que noite, que porre! (Disse eu em lamento).

Eis o preço do tédio, quando se está sozinho não há muito que se fazer, resolvi então beber. A televisão estava ligada, provavelmente tentei passar o tempo bebendo e assistindo a qualquer porcaria.

- Oh! Dor de cabeça infernal.

Dizem que ressaca de vinho é uma das piores ressacas, agora vejo que é verdade. Preciso me levantar, acho que hoje é domingo, se não for estou ferrado, perdi a hora para o trabalho.

- Graças aos céus, hoje é domingo! (Disse eu em tom vibrante, ao olhar no celular).

Melhor coisa a fazer é tomar algum antiácido e um bom banho, quem sabe desta forma melhora meu estado.

Caminhei de forma imprecisa até o banheiro, onde tomei um banho frio, meia hora depois, ao colocar a roupa, caminhei para a cozinha e tomei o antiácido.

Já me sentindo melhor, pensei:

- que diabos farei neste domingo? Os amigos sempre somem neste dia, deve ser porque muitos estão namorando. Quer saber, vou voltar a dormir, quem sabe eu acordo melhor e mais disposto para fazer alguma coisa. Mas não consigo mais dormir.

- Maldito despertador!O que farei agora? (Pensativo)

Ligo a televisão, nada de interessante passando.

- porcaria de uma TV aberta. Nada de interessante passando. (Disse irritado).

Caminhei em direção ao computador, conectei me á Internet, mas sem sucesso.

- Basta o tempo mudar e essa porcaria de conexão ficar um lixo. Que dia! (Lamentei).

Caminhei de um lado para o outro sem saber o que fazer, o tédio já tomava conta de todo meu ser, olhando para a janela, avistei algumas pessoas correndo em volta do bosque.

- Corajosos! Correr, caminhar em plena manhã de domingo. Só podem estar loucos. (disse em tom de deboche).

Mas não demorou muito até que eu avistasse uma garota sentada ao pé de uma árvore, sozinha e lendo alguma coisa, pensei:

- Hum! Até que ir dar umas voltinhas no bosque não parece-me má idéia assim.

Imediatamente procurei alguma roupa apropriada para caminhar e um livro.

- Droga! Onde estão os livros quando mais se precisa deles? (disse queixando-se).

Foi então que achei um livro de romance há muito dado de presente por uma amiga, resolvi levar este mesmo.

Ao chegar no bosque, dei uma observada em volta. O tempo estava ótimo, nublado e com uma brisa perfeita, eu trazia comigo uma bolsa, onde portava uma garrafa de vinho duas taças e o livro.

Caminhei em direção a um lugar próximo á garota, que continuava lá, lendo o que agora pude ver com mais nitidez um livro. Ela vestia uma calça jeans, jaqueta preta e um coturno, esmalte preto nas unhas, cabelo lisos curtos e uma leve sombra nos olhos. Amei essa garota de pronto, não fazia tipo àquelas garotas frescas que conhecia ou que trabalhava junto em um escritório de marketing.

Eu com meu um metro e oitenta, branco feito leite, cabelos preto lisos até o ombro, vestindo apenas umas malhas escuras, cuja jaqueta tinha uma caveira bordada atrás e um tênis all star preto, velho e sujo, pensei:

- Isto lá é jeito de se vestir para impressionar uma moça daquela estirpe.

Aproximei-me, dei um leve sorriso para moça e perguntei:

- poço me sentar aqui?

Ela simplesmente ergueu levemente o semblante, balançou os ombros e disse:

- por mim!

Quanta simpatia pensei, em um tom de ironia. Decidi arriscar assim mesmo, um pouco de dificuldade iria dar brilho neste dia nublado e entediante de domingo.

Folheei o livro, mas não estava interessado em lê-lo, foi então que optei por tentar puxar assunto com aquela bela jovem á minha frente.

Tirei da bolsa o vinho e a taça e ofereci a ela.

- Senhorita, deseja um pouco de vinho? (perguntei objetivamente)

Para a minha surpresa ela olhou me fixamente com aqueles olhos verdes esmeraldas e respondeu docemente

- Aceito sim, obrigada! Mas vejo que você só tem uma taça.

Eu então dou um sorriso olhando para a moça e digo

- Não, não. Sou precavido, trouxe uma outra taça na bolsa.

Ela neste momento também sorriu e servi-a com o vinho, foi então que comecei a puxar assunto com ela, perguntando de onde era, das coisas que gostava. O papo corria muito bem, mas o dia já estava terminando, meu estomago roncava absurdamente que até mesmo ela percebeu, foi então que a convidei para comermos alguma coisa e mais uma vez de forma surpreendente ela diz:

- Eu aceito, mas aonde vamos? Para seu apartamento que fica logo aqui enfrente ou a algum café?

Foi então que não deixei passar a oportunidade e perguntei:

- Aonde você escolher.

- Na sua casa tem mais dessas? (disse ela segurando a garrafa de vinho).

- Muito mais (respondi confiante).

- Então o que estamos esperando, vamos para sua casa.

E lá fomos nós, no caminho refleti, que um dia que prometia apenas um tédio absurdo a ua atitude que nos leva a ganha lô totalmente diferente. Eu poderia ter passado o dia todo dormindo, agora passarei o dia todo praticando a arte dos deuses.