Haroldo tô de olho
Tô de olho, pode deixar, to de olho! O patrão é quem manda! Este é o jargão do Haroldo, tomador de conta de automóveis da rua Bernardo Guimarães,no trecho compreendido entre as ruas São Paulo e Curitiba aqui em BH..Moreno claro, 1,70 mais ou menos de altura, cabelos pretos, meio encaracolados, sem muito trato, testa reta,olho pretos, cílios grandes, aproximadamente 28 anos. Ele é do tipo meio doentinho – como se falava antigamente. Conta a estória que de vez em quando ele sofre desmaios epiléticos, etc, etc., Vira e mexe tá internado no Galba Veloso. Bom menino. As vezes tá sentado ao lado de outras pessoas na esquina, perto do sacolão, quando de repente, avista uma pessoa entrando no carro. O cara dá um pinote e sai correndo arrastando as sandálias de borracha gritando; tô de olho, tô de olho doutor. O patrão é quem manda. Os que não o conhecem e nem sequer o viram quando estacionaram, nem dão bola prá ele. Mesmo assim ele vai ajudando na manobra: pode ir, mais, mais, espera, espera, pode mandar. Manobrado o carro ele deseja um quase infalível “vai com Deus” e aí o patrão não agüenta, baixa o vidro e dá-lhe umas moedas, como que agradecido pela olhada. E já furtaram pneu sobressalente de carro sob seus cuidados no lugar. Aliás abro um parêntesis para dizer que além de Ford KA e Weekend existem carros novos também passíveis da mesma prática, como o Sandero da Renault por exemplo. Nada contra, não o fizeram cem por cento à prova de ladrão e nem era esta intenção – desculpem a rima.O que você dono de exemplar da mesma marca pode fazer é ir até a um serralheiro e pedir pra reforçar o sistema que prende o step por baixo do carro, facilmente serrável. O que os malfeitores precisam é tão somente daquela rápida paradinha numa academia ou coisa semelhante prá que você depare mais tarde com o prejú. Que o diga meu amigo Arthur. Deixando isto de lado e voltando no Haroldo, ele já me confidenciou que lhe ofertaram um fusca e mais algum dinheiro pelo ponto e ele rejeitou. Ele anda sempre com o Ricardo, outro da mesma ocupação. Este, moreninho, 1,60 de altura,cabelos e olhos castanhos sempre brilhando como quem queimara um fuminho ainda há pouco, vestido sempre de bermuda, limpinho, muito educado e de paz. Dia desses desci do carro e vêm os dois. Ricardo.estava com o cabelo bem aparado, tingido na cor de cobre fundo de tacho de fazer doces, o que me assustou muito. Que isso? Que aconteceu? Que fizeram com você? É doutor, tem que acompanhar a moda né. Aí Haroldo tomou as dores. Que foi? Tá com inveja por que cê já tá ficando careca? Ele pode, ele pode. Ele é bom de cama. Ah cara, isso já é com você. Isso já é um problema seu que eu não sabia e nem tenho nada com isso, falei. Ele é bacana, retruca. Esse é bom de cama. Eu vi minha irmã chorando nas mãos dele no barraco lá de casa. Percebi que o papo estava complicando e resolvi não medir forças. Tá bom, passa o olho que já volto. Até mais.Coisas de rua tem lá que se dar um desconto, mas esse nome de Ricardo também tem lá sua fama. Ah isso tem.
Outubro de 2009
Tô de olho, pode deixar, to de olho! O patrão é quem manda! Este é o jargão do Haroldo, tomador de conta de automóveis da rua Bernardo Guimarães,no trecho compreendido entre as ruas São Paulo e Curitiba aqui em BH..Moreno claro, 1,70 mais ou menos de altura, cabelos pretos, meio encaracolados, sem muito trato, testa reta,olho pretos, cílios grandes, aproximadamente 28 anos. Ele é do tipo meio doentinho – como se falava antigamente. Conta a estória que de vez em quando ele sofre desmaios epiléticos, etc, etc., Vira e mexe tá internado no Galba Veloso. Bom menino. As vezes tá sentado ao lado de outras pessoas na esquina, perto do sacolão, quando de repente, avista uma pessoa entrando no carro. O cara dá um pinote e sai correndo arrastando as sandálias de borracha gritando; tô de olho, tô de olho doutor. O patrão é quem manda. Os que não o conhecem e nem sequer o viram quando estacionaram, nem dão bola prá ele. Mesmo assim ele vai ajudando na manobra: pode ir, mais, mais, espera, espera, pode mandar. Manobrado o carro ele deseja um quase infalível “vai com Deus” e aí o patrão não agüenta, baixa o vidro e dá-lhe umas moedas, como que agradecido pela olhada. E já furtaram pneu sobressalente de carro sob seus cuidados no lugar. Aliás abro um parêntesis para dizer que além de Ford KA e Weekend existem carros novos também passíveis da mesma prática, como o Sandero da Renault por exemplo. Nada contra, não o fizeram cem por cento à prova de ladrão e nem era esta intenção – desculpem a rima.O que você dono de exemplar da mesma marca pode fazer é ir até a um serralheiro e pedir pra reforçar o sistema que prende o step por baixo do carro, facilmente serrável. O que os malfeitores precisam é tão somente daquela rápida paradinha numa academia ou coisa semelhante prá que você depare mais tarde com o prejú. Que o diga meu amigo Arthur. Deixando isto de lado e voltando no Haroldo, ele já me confidenciou que lhe ofertaram um fusca e mais algum dinheiro pelo ponto e ele rejeitou. Ele anda sempre com o Ricardo, outro da mesma ocupação. Este, moreninho, 1,60 de altura,cabelos e olhos castanhos sempre brilhando como quem queimara um fuminho ainda há pouco, vestido sempre de bermuda, limpinho, muito educado e de paz. Dia desses desci do carro e vêm os dois. Ricardo.estava com o cabelo bem aparado, tingido na cor de cobre fundo de tacho de fazer doces, o que me assustou muito. Que isso? Que aconteceu? Que fizeram com você? É doutor, tem que acompanhar a moda né. Aí Haroldo tomou as dores. Que foi? Tá com inveja por que cê já tá ficando careca? Ele pode, ele pode. Ele é bom de cama. Ah cara, isso já é com você. Isso já é um problema seu que eu não sabia e nem tenho nada com isso, falei. Ele é bacana, retruca. Esse é bom de cama. Eu vi minha irmã chorando nas mãos dele no barraco lá de casa. Percebi que o papo estava complicando e resolvi não medir forças. Tá bom, passa o olho que já volto. Até mais.Coisas de rua tem lá que se dar um desconto, mas esse nome de Ricardo também tem lá sua fama. Ah isso tem.
Outubro de 2009