UM E NOVENTA E NOVE (Comente)

Meteu a mão no bolso e arrancou dois reais. Era de fato o único dinheiro do montante que ainda lhe restava do último assalto que cometera a uma padaria do bairro vizinho. Descontente e fudido com a vida, fumou o seu último cigarro enquanto atravessava a rua com passos quase honestos. Parou diante de uma dessas lojas de um e noventa e nove para pensar em seu próximo roubo. Mas, havia um problema: ele não tinha uma arma. No crime passado deixou a garrucha velha cair na fuga e a perdeu. O filho da puta teve a seguinte sacada: compraria uma arma de brinquedo na loja de um e noventa e nove e com ela, furtaria suas vítimas. Entrou na loja e de cara enxergou a maldita arma de brinquedo. Arrancou-a da prateleira, olhou-a atentamente pegando-a nas mãos, quase que encenando sua futura ação. Antes mesmo de dirigir-se ao caixa para pagar a mercadoria um alemão baixinho entrou na loja anunciando um assalto... Gritou o camarada: Todo mundo no chão. O alemão portava um trezentos e oitenta. Essa, sim, era verdadeira. Foi fazendo a festa, saqueando um por um. O caixa da loja foi o primeiro. O estabelecimento não estava cheio, havia cerca de dez pessoas na dita hora do ocorrido. Aproximou-se do larapio, metendo a mão em seu bolso e retirando seus dois únicos reais. Ao virar de costas, o alemão recebeu uma rasteira certeira de seu companheiro de profissão. Caiu de queixo no chão. O meliante, mais do que rápido, passou a mão na pistola e o rendeu. Os que estavam na loja ficaram admirados com a agilidade do rapaz. Uma pessoa que passava pelo local minutos antes desconfiara da movimentação e chamou a polícia. Não demorou muito e lá estava a polícia e a imprensa. No dia seguinte a manchete no jornal: “Ladrão que prende ladrão, sempre juntos na prisão”.

Marcos Marcelo Lírio
Enviado por Marcos Marcelo Lírio em 09/10/2009
Reeditado em 28/10/2009
Código do texto: T1857123