HISTÓRIA DE UMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL (XI)

HISTÓRIA DE UMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL (XI)

Sonia Barbosa Baptista

(Conto)

A PROFESSORINHA

Capítulo XI

"ÚLTIMO CAPÍTULO"

A escola "São João Batista" de portas fechadas.

Só faltou mesmo colocar uma grande placa com os dizeres:

Aqui "jaz" a escola do amor, do afeto, onde crianças escreveram pela primeira vez, sentiram o cheiro do lápis, aprenderam conhecer as cores.

Pois a professorinha ensinou que deviam cheirar os materiais escolares, os livros novos, buscando neles o cheiro da sabedoria.

Assim também, como as frutas e os alimentos, as flores, cada um, com seu cheiro específico.

Tantas histórias, tanta beleza na inocência da criança, tanta inteligência ativada para o bem.

A perda irreparável da aluna do bambolê, feliz por estar dominando bem a tabuada, e virou anjinho de Deus!

O menino que colocava gilete na língua.

O menino fujão.

O menino que não gostava de mostrar o rosto de tão envergonhado ficava de cabeça baixa.

Os quatro irmãos filhos do sargento do exército, três meninos e uma menina.

As crianças que não podiam pagar a mensalidade, mas que estudavam.

Foram muitas crianças que passaram por aquela escola.

Foram três anos de pura magia e estudos constantes.

Mas a professorinha finalmente completava seus dezoito anos.

E as grandes lojas da cidade, abriram inscrições para vagas no período de Natal.

Era sua grande chance. Já que o salário de professora na época era mínimo do mínimo.

E a professorinha, resolveu que ia ganhar dinheiro, precisava tirar o pai das garras dos agiotas, que venciam na vida a poder dos empréstimos com juros altíssimos.

Finalmente poderia pintar as unhas, coisa que seu pai não permitia.

Ela conseguiu e trabalhou por cinco anos nas Lojas Americanas & SA,

concretizando o sonho de sua mãe, que era de ver a filha trabalhando numa grande loja.

Finalmente, quando poderia namorar em casa, por aceitação do pai.

O namorado desistiu, com vergonha de ser apenas um feirante, e ter que passar pelo interrogatório do pai dela.

Enquanto isso, sem namorado e tentando esquecê-lo, a professorinha brilhava na loja, sendo vencedora nos concursos de vendas, maior índice de faturamento na sessão de sua responsabilidade, na qual já tinha a função de chefe.

Ela não brilhava sozinha, pois além de cuidar da sua sessão, ela ajudava as colegas das outras sessões a alcançar o segundo e terceiro lugar, no qual o prêmio era só para o primeiro lugar.

Como ela não gostava de ganhar sozinha, nem ser centro das atenções, ela reivindicava ao gerente da loja, um prêmio para os outros dois lugares.

No que o gerente concordava plenamente, admirado de sua iniciativa.

Como a vida não é nada monótona para ninguém, a professorinha seguia bem em tudo que fazia.

Até que muitos anos depois, ela se casou, bem tarde, aos vinte e nove anos de idade, com um rapaz analfabeto.

Então, a professorinha continuou trabalhando, para ajudar o marido que tinha por falta de estudos, limitações de empregos.

Ainda que esforçado no seu trabalho braçal, que fazia com amor e era muito querido, trabalho para ele não faltava.

Duas surpresas e frustrações na vida dela.

O primeiro e último namorado eram analfabetos.

Sente que falhou na sua profissão de professora, ainda que amadora.

E a professorinha de imediato, não soube como lidar com a situação.

Não era fácil, pois ela falava bem, com boa dicção, verbos sempre corretos.

E de repente, ela lutou para não se retrair e passar a falar como ele , sem sofisticação na conversa.

Pois seria muito mais fácil para ela falar como ele, mas seria certo?

Tirar dele a oportunidade de que ouvindo o bom português aprendesse com ela?

Foram três anos educando, ensinando os seus alunos que passaram por aquela escola.

A professorinha por onde passou, por todos os empregos que teve, ela deixou sua marca em melhorias para os funcionários.

Ela não cursou o magistério, portanto não se formou professora.

Então, ela sempre dizia que:

Professora de verdade, ama os alunos com igualdade.

Pois criança é inocência, é amor, é anjo de Deus!

Feliz quem ama uma criança, lhe dá carinho, alimentação, proteção e segurança!

FIM

06/10/2009

OBRIGADA AOS POETAS LEITORES QUE LERAM ESSE CONTO SOBRE A VIDA DE UMA PROFESSORINHA DE QUINZE ANOS DE IDADE!

Sonia Barbosa Baptista
Enviado por Sonia Barbosa Baptista em 06/10/2009
Reeditado em 06/10/2009
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