HISTÓRIA DE UMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL (X)
HISTÓRIA DE UMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL (X)
Sonia Barbosa Baptista
(Conto)
A PROFESSORINHA
Capítulo X
Tudo continuava normalmente para a vida da professorinha.
A escola abriu vagas para cursinho preparatório para alunos que no final do ano precisassem prestar exames para mudar de uma fase, tipo: terminado o curso primário, ingressar no curso ginasial. Que é o mesmo que hoje entrar para o 1º grau, no que já vão direto da 4ª série para a 5ª série, numa facilidade que só ajuda a ativar muito mais a preguiça e o desinteresse dos alunos de hoje e fazer com que desistam pelo meio do caminho, deixando os estudos e ficando fora das salas de aulas.
Naquele tempo passariam então, para uma série que era chamada de Admissão. E o cursinho era para a prova de admissão ao ginásio. Estudariam um ano na admissão e passariam para a 1ª série ginasial. Era a glória para quem conseguisse passar. Aflição para a professorinha, na sua época desse concurso, porque era mesmo um concurso, onde só passariam os que tivessem as maiores notas.
Mas seus alunos do cursinho, além de aprenderem bem e estando preparados para a prova, ela ainda ensinava pequena oração do estudante que ela formulou do seu jeito e dava escrita para cada um rezar antes de sair de casa no dia da prova do concurso.
Era só alegria e com as crianças aprovadas crescia muito mais seu conceito de boa professora.
Estudo e felicidade não combinavam...
Desde cedo a professorinha descobriu que na vida não se pode ter tudo, que a felicidade, jamais será completa, que ela é apenas momentânea.
Num dia o céu claro, no outro dia céu com nuvens escuras, sombrias, zangadas.
Assim a professorinha ficou, como as nuvens: deprimida, tristonha, vontade chorar muito sem parar.
Quando descobriu que o namorado com dezoito anos, que fez a professorinha suspirar, era analfabeto.
A professorinha murchou como as flores, quando sentem o calor de uma queimada que avança e destrói o solo fértil e as plantações.
O amor apesar de lindo deixou um rastro de decepção.
A professorinha muito chateada se perguntava:
Para que tanto esforço, para que aprender tanto, para que ser professora, por que alimentar ilusões, para que?
A professorinha estava desolada.
Mal podia acreditar que ele ao acompanhá-la ao colégio, carregando para ela, os seus cadernos bonitos, encapados com fotos de seus cantores preferidos, com todo prazer e carinho, no caminho que faziam até o portão do colégio. Era o seu primeiro contato com materiais escolares que ele não teve acesso para seu desenvolvimento escolar.
E a vida continuou no ritmo normal.
O namoro sempre escondido, somente por proibição dos pais que diziam que criança não podia namorar.
Encontros, somente se conseguissem driblar a vigilância da mãe que compreensiva, sabia que a filha tinha um bom rapaz que gostava dela.
Mas não podia abrir mão da sua autoridade, pois estaria tirando a autoridade do pai, a que ela como mãe devia obediência e grande responsabilidade em cuidar da casa e da educação dos filhos na ausência do marido.
A professorinha pensava:
Como as mulheres respeitavam seus maridos! Se as mulheres de hoje pudessem ser pelo menos a metade daquelas de tempos de outrora, a família resistiria aos vendavais da vida e teriam filhos educados e inteligentes o suficiente, para saberem distinguir o bem do mal!
23/09/2009