TENTEI
... O mestre entrou,
Sentou, cruzou suas longas pernas e iniciou o seu “ensinamento”
Mesmo falando rápido, quase atropelando as suas palavras, ele as articulava muito bem.
Não soavam como uma canção, mas foram profundamente reflexivas.
Ele de uma didática diferente e gostosa insinuou todas as correntes literárias, e foi do biográfico à semiótica. Suspirei e relaxei depois de ter confrontado um presunçoso. Esta criatura que jamais gostaria de conhecer subestimou um ser humano, e eu no ápice de minha sensibilidade deixei aflorar toda a minha raiva e desprezo por ele.
Ele contou ainda na ausência do professor um desastre que sofrera, e enfatizara todos os seus pertences perdidos. Em meio papo desprezível ele disse que a sua mulher o trocara por um pé-rapado. Não pude me segurar e retruquei dizendo: De repente esse “pé-rapado tenha algo que você desconheça. Ele calado ficou. E eu o disse. Isso não significa nada! Eu o quis mostrá-lo que o caráter do homem não está atrelado aos seus bens. Eu o odiei naquele momento, e balançava as minhas pernas rapidamente tentando fugir daquela cena desagradável. Foquei na minha leitura, tentei ser “dissimulada” possível para não transparecer tal sentimento (raiva).
Hoje eu aprendi que a soberba, presunção está inerente aos seres humanos. Não há estudos que os façam mudar.
O professor em sala disse: que o ensinar consiste em não mostrar ou julgar o certo e o
Errado, mas está em mostrar os caminhos para o aprendizado, ou seja, por mais sábios que sejamos somos capazes apenas de mostrar o caminho do entendimento. Não podemos fixar o “certo” na mente dos fracos.
Hoje eu TENTEI, e acho que errei, mas não me arrependo de ter defendido alguém inocente, que não estava ali para se defender.