A CAMINHO DA FEIRA

O ASSALTO

O negro trajava terno e gravata e caminhava tranquilamente pela calçada.

A oriental senhora seguia para a feira com sacola e carrinho vazio e bolsinha cheia de alguns trocados.

Distraído, do outro lado da calçada, vi suas vidas se cruzarem.

A senhora gritou, assustada...

O terno saiu correndo, em trote suave, olhando para os lados, como o vencedor da maratona...

A senhora largou a sacola, tropeçou no carrinho e com todas suas forças correu atrás...

Vozes gritaram, instantes depois: Pega! Pega!

Ninguém pegou...

Nem a oriental que se cansou rapidamente e indecisa entre a carteira e a sacola parou sem saber para onde ir...

O terno olhou para trás e viu que ninguém o seguia, além dos olhares...

Cruzou a rua entre os carros...

Pensei com meus zíperes: Nestas horas não passa motoqueiro no corredor...

O terno sumiu na travessa perpendicular, embrenhando-se na feira que a oriental não poderia fazer naquele dia...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 22/09/2009
Reeditado em 22/09/2009
Código do texto: T1824577
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