A CAMINHO DA FEIRA
O ASSALTO
O negro trajava terno e gravata e caminhava tranquilamente pela calçada.
A oriental senhora seguia para a feira com sacola e carrinho vazio e bolsinha cheia de alguns trocados.
Distraído, do outro lado da calçada, vi suas vidas se cruzarem.
A senhora gritou, assustada...
O terno saiu correndo, em trote suave, olhando para os lados, como o vencedor da maratona...
A senhora largou a sacola, tropeçou no carrinho e com todas suas forças correu atrás...
Vozes gritaram, instantes depois: Pega! Pega!
Ninguém pegou...
Nem a oriental que se cansou rapidamente e indecisa entre a carteira e a sacola parou sem saber para onde ir...
O terno olhou para trás e viu que ninguém o seguia, além dos olhares...
Cruzou a rua entre os carros...
Pensei com meus zíperes: Nestas horas não passa motoqueiro no corredor...
O terno sumiu na travessa perpendicular, embrenhando-se na feira que a oriental não poderia fazer naquele dia...