HOJE
Hoje ele não está lá, não se protege do sol sob a árvore seca.
A árvore é ressequida. A tarde é quente.
Ele veste verde. A árvore é seca. Um subtrai do outro. Possue o que o outro inveja?
A moça está em horário de almoço. Ela olha pela janela. Depois do primeiro dia olhando, torna-se diariamente.
Diariamente, então, ela almoça. Ele almoça?
Ele dorme.
A árvore sem verde não protege do sol de meio-dia.
Meio-dia ela almoça.
Ao meio-dia ele dorme. Dorme sob a árvore vestido de verde.
Os olhares não se cruzam. A janela impede que o outro veja.
Ela vê. Ela não sente sono. Ela não sente fome.
Um dia desceria do prédio e perguntaria. Queria perguntar.
Vê-lo sozinho, dormindo de verde sob uma árvore seca alude a perguntas.
A curiosidade não permanece controlada, expande-se dentro. Teria de perguntar e queria que respondesse.
E se ele fosse mudo?
Se fosse mudo, ela ficaria sem saber a razão de perturbar-lhe a fome.