À BEIRA DO ABISMO = EC

Cheguei a este mundo em um clima de festa.

Meus pais tinham seis filhas já crescidas e eu fui o filho varão pelo qual sempre esperaram.

Todos me cumulavam de mimos, principalmente o meu pai.

Éramos o ramo pobre da família, mas ele não admitia que algum de meus primos tivesse algo mais do que eu.

Apesar de ter muito pouco dinheiro sempre me satisfez todas as vontades mesmo que para isso tivesse que assumir dívidas que não tinha como pagar depois.

Dividas, cobranças, falta de crédito fizeram parte de minha infância desde quando posso me lembrar

Eu era mimado por toda a família, pois fui o caçulinha até os quatro anos, quando nasceu uma priminha que se tornou o alvo de todas as atenções.

Eu fiquei roído de ciúmes e, num descuido da Titia dei-lhe uma tremenda mordida.

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Minha avó ficou brava comigo e deu-me uma palmada no bumbum.

Papai ficou furioso com a sogra. Brigou feio e os dois ficaram muito tempo de mal.

Eu tinha seis anos. Minha irmã mais velha tinha um cachorrinho muito mimado e eu, com raiva dela por uma briguinha qualquer, afoguei o bichinho na piscina.

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Mamãe zangou-se comigo, mas Papai achou que a culpada era minha irmã. O que ela tinha de brigar comigo?

Alguns anos depois, já bem maior, acendi uma tocha de papel e joguei no quintal do vizinho.

Atingiu a mulher dele que além do susto teve o cabelo chamuscado e algumas queimaduras leves.

O marido ficou furioso e veio tirar satisfação com meu Pai que, como sempre, me desculpou dizendo que fora um acidente e que, de mais a mais, eu não passava de uma criança.

Eu ia muito mal na escola, sempre havia reclamação de minha indisciplina e mau comportamento, mas, Papai achava que os professores é que não tinham capacidade para lidar comigo.

Mudei muitas vezes de escola e o problema se repetiu até o dia que comecei a roubar dinheiro dos colegas.

A Diretora chamou meu pai, mas quando contou o que havia acontecido ele ficou furioso, ameaçou de processá-la por calunia e ela achou melhor evitar os aborrecimentos.

Limitou-se a pedir aos alunos que evitassem levar dinheiro à escola.

Não quis continuar os estudos alegando que a maioria dos doutores acaba sendo empregados e que eu podia ficar rico trabalhando por conta.

Para exemplo, conhecia meia dúzia de homens ricos e quase analfabetos.

Meu pai, como sempre, me apoiou e eu comecei a fazer negociatas, me meter em confusões das quais meu Pai acabava me tirando a custa do dinheiro “emprestado” dos parentes mais abonados.

E assim de passo a passo acabei conhecendo um traficante e me propondo a vender drogas para ele.

Foi o fim. Logo fui descoberto e agora estou preso e meu pai não pode fazer nada por mim.

Minha pena é pequena porque sou primário e a quantidade de droga que estava comigo era pouca, mas, não sei o que vou fazer quando sair daqui.

Preciso tomar jeito!

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Obs: Os fatos e personagens deste conto são fictícios. Qualquer semelhança é mera coincidência.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Preciso Tomar Jeito.

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Maith
Enviado por Maith em 14/09/2009
Código do texto: T1809541