NOS LAÇOS DOS TEMPOS

Jonas acabara de terminar a universidade e já estava de malas prontas.

Sua dedicação e esforços lhe valeram grandes compensações, pois Paris lhe aguardava para a pós -graduação tão sonhada durante tantos anos de estudo, e que agora lhe vinha às mãos como prêmio de destacado aluno.

Fizera uma prova de francês, a única exigência prévia da universidade francesa, a de demonstrar o domínio técnico da língua.

E foi assim, radiante e repleto de expectativas, que se despediu do Brasil rumo a cidade luz.

Tão logo chegava do outro lado, já percebia as maravilhas culturais do velho mundo.

Tudo impecavelmente conservado, na tradicional megalópole que brilha sob o sol e mais ainda sob as estrelas.

A cultura, as livrarias, os cinemas, os museus, a arquitetura, a moda, os cafés, as excêntricas figuras, aquilo tudo que as turísticas megalópoles possuem e que atraem pessoas de todos os cantos do mundo.

Um cenário tão belo quanto polimórfico.

Todos os dias Jonas mandava notícias à namorada, sempre uma novidade diferente, uma cena a ser comentada...e anotada.

E foi nesse entusiasmo todo, a observar tantas diferenças culturais, que certo dia enviou um dos registros que mais lhe chamou a atenção.

Há cenas que nos colocam a pensar, sobre certas "diferenças de comportamentos" que pautam as gerações em determinados locais do planeta.

A vida corrida de pós-graduando aliada à alimentação desregrada lhe somava alguns quilos a mais.

Assim, numa linda manhã de domingo, Jonas e sua bicicleta embarcaram num trem com destino ao parque, pois precisava ganhar forma.

Durante a curta viagem sobre os trilhos, dona Desirré, uma senhora francesa da terceira idade, mais precisamente na sétima década de vida mais sete, lhe perguntou se poderia ajudá-la a descer do trem.

Jonas esperou para prontamente lhe estender a mão, e amparar seu corpo senil que lhe parecera tão frágil.

Assim que o trem abriu suas portas na plataforma da estação destino de ambos, dona Desirré agilmente saltou e pediu para que Jonas lhe ajudasse apenas com a sua bicicleta.

E foi assim que seguiram para a ciclovia do parque a pedalar entre a distância dos seus tempos, que num caprichoso encontro dos instantes, lhes preparava os laços duma divertida amizade.

Não é a toa que tempo é medida relativa...

Nomes fictícios, fatos verídicos.