HISTÓRIA DE UMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL (V)
HISTÓRIA DE UMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL (V)
Sonia Barbosa Baptista
(Conto)
A PROFESSORINHA
Capítulo V
Aquela escola não tinha férias e a professorinha, só descansava à noite quando chegava do colégio, aí sim ela ia dormir.
Tudo transcorria bem para ela, que encontrou o seu príncipe encantado.
Só que ele não apareceu montado num cavalo branco.
Ele era carroceiro, transportava as mercadorias e a barraca de feira do seu tio. Era lindo e se apaixonou por ela.
Foi um lindo romance às escondidas dos pais, pois namorar só mesmo aos dezoito anos. Sair à noite nem pensar.
Mas então, como fazer para ir ao baile no clube Náutico e assistir a um desfile de moda, que ia acontecer antes do baile?
Seria a primeira vez que ela iria a um clube.
Para isso, foi preciso que todos da casa se deitassem e trancassem as portas e a sua mãe se deitar.
Quando teve a certeza que o pai estava dormindo, a mãe levantou e abriu a porta para ela sair, pois o casal de vizinhos com a filha da mesma idade dela, é que ia levá-la.
Ela estava muito bonita, com um conjunto de saia justa e casaco de linho vermelho, blusa branca com babados na frente.
Sandálias cor de areia bem clara, salto alto fino, brincos com três pérolas penduradas, na época era moda.
Os cabelos cacheados, apesar de ter ficado com aquela toca que fazia com o cabelo molhado e uns quatrocentos grampos e deixava até secar o dia todo.
Quando penteou estava liso e lindo, mas passados uns minutos, o cabelo cacheou todo.
No clube pediram as roupas e sandálias dela, para uma moça desfilar e ela vestiu as da moça, até os brincos ela emprestou.
Mas valeu, pois estava deslumbrada com tudo ali.
Terminado o desfile começou o baile.
O coração dela batia mais forte, a música, os casais dançando e ela sentada na mesa com os pais da colega.
Depois foi só diversão, pois contava quantos rapazes vinham tirá-la para dançar e ela dizia que não sabia dançar.
E assim ela contou sessenta e três rapazes que a tiraram para dançar e se zangaram por ficar de pista (como se diz hoje).
Era desesperador o estado de preocupação da mãe dela em casa, pois eram seis horas da manhã e a filha não chegava e o pai ia acordar para entrar no trabalho às sete horas.
A mãe já estava em pé, rezando pra tudo dar certo.
A porta encostada, para quando chegasse não fazer barulho.
Ela chegou já de roupa trocada e entrou logo debaixo das cobertas.
O pai levantou e olhou no quarto, como se estivesse contando para ver se não faltava nenhum dos filhos, também pudera, eram oito filhos.
Assim terminou o episódio do baile, que foi o primeiro e último na vida daquela professorinha, que não teve mais coragem de expor a mãe àquela situação de mentir para o seu pai. E tão pouco perder uma noite de sono, que para ela era preciosa.
11/09/2009
Breve o capítulo (VI)