O BATOM

Melhor amigo da mulher. Maior inimigo do homem. Dá cor aos lábios, embora alguns não tenham brilho. Às vezes o brilho atrapalha e o opaco confere o charme e distinção tão procurados por quem recorrer a este tipo de maquiagem. E por falar em maquiagem, o batom é um item indispensável dela, apesar do verbo “maquiar” remeter ao movimento que se faz para passar o pó no rosto. Batom anuncia e denuncia.

O batom tem história. E antiga. No Egito, as mulheres dos faraós recorriam a esse pigmento vermelho, cuja essência é óxido de ferro, para colorir os lábios. Que o diga Nefertiti, rainha da 18á dinastia do Antigo Egito. Era uma das esposas do faraó Akhenaton. O busto de Nerfetiti, achado em 1912, está exposto em Berlim. E, nele, pode-se ver claramente os lábios coloridos em vermelho. O batom fez as cabeças e as bocas das mulheres dos faraós.

A Grécia também tem o seu quinhão na história do batom. Lá, antigamente, as mulheres só podiam usá-lo depois de casadas. Na Inglaterra, em 1770, as mulheres foram proibidas pelo governo de usar batom porque, para os parlamentares daquela época, o pigmento era considerado uma arma para seduzir os homens. Na Espanha do século VI, só usavam batom as mulheres de classe média. Só no século 19 é que o batom caiu no gosto popular e perdeu o estigma de culpa que lhe colocaram sobre as costas desde a Antiguidade.

Em Paris, cidade das luzes, o batom chegou para iluminar os lábios femininos com glamour. Era vendido em tubinhos. Très bien! Daí para a fama. A partir de 1930, ganhou o mercado americano e, na sequência, o mundo. Hoje, o batom é item indispensável. As mulheres não vivem sem ele e as dondocas, muito menos. Até morreriam se o tubinho milagroso deixasse de existir.

Milagroso porque opera milagres mesmo. Quando se espalha pelos lábios, levanta o astral de quem o usa. Por que diabos isso acontece, nem a ciência explica. Não é alucinógeno, mas é como se fosse uma serotonina tópica, de uso local e não ingerível. Te mete! Mas há etiquetas para usá-lo. Retocar em público, nem pensar. Mas se ele for tema de uma peça? Não é chique? Tudo, então, é uma questão de contexto.

Mas o batom é, antes de tudo, uma marca. Fica impregnado na imagem mental que se faz de uma pessoa que usa o rubro regularmente. Alguém imagina a Marilyn Monroe com os lábios nus? Admita! A imagem mental que você faz é daquela loura, reluzente e com lábios vermelhinhos, vermelhinhos. Tanta coisa tem o batom, não é? Poucos centímetros de comprimento e muita história para contar. Mas nenhuma dessas curiosidades sobre o batom vai adiantar muito, se não se souber como se tira ele de uma camisa.