HISTÓRIA DE UMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL (II)
HISTÓRIA DE UMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL (II)
Sonia Barbosa Baptista
(Conto)
A PROFESSORINHA
Capítulo II
Ser professora para muitas era um sonho a ser conquistado, através de muitos estudos e um diploma, para orgulhosamente pendurar na parede, além é claro de exercer a profissão.
Enquanto isso, aquela adolescente, realizava não um sonho e sim a chance da sobrevivência com dignidade, ajudando aos pais ainda que em sua pouca idade.
Pensam que foi fácil arcar com o compromisso de ter sob a responsabilidade, crianças pequenas? Não foi tão fácil assim.
Cuidados redobrados para controlá-las na hora do recreio, verificar a higiene antes de oferecer a merenda que levavam de casa, observar se comiam, oferecer água filtrada e entregar em casa, sãs e salvas..
Para isso, ela contava com a irmãzinha, uma menina, linda de alma e beleza natural, que também recebia das mães um gratificação, por buscar e levá-las para casa.
Logo a procura por vagas acontecia e ela passou a dar aulas de reforço para alunos da rede pública, "grupo escolar", e também da "rede particular".
Então... A escola cresceu em nível de procura pelo ensino.
Mas surgiam grandes e graves problemas.
Na época, os alunos de colégio particular eram filhos de pais de boa classe social.
Eles levavam merendas que as outras crianças talvez, nem em sonho tivessem visto.
E na hora da merenda, o coração da professorinha se encolhia de dor e tristeza, pelas outras que não iam ter, nem mesmo o almoço ou o jantar ao chegar em casa.
Pois para estarem ali, tendo aulas de reforço, em meio as outras crianças, era somente porque recebiam aulas grátis, assim era com todos que ali iam em busca de estudo mas sem condição de pagamento.
Foi então, que ela conversou com as crianças maiores e mostrou como era humilhante crianças juntas, umas vendo as outras comendo uma merenda suculenta com refrigerante.
Explicou que eles tinham todo o direito de comer bem, porque comer era saudável e eles tinham condição de ter.
Mas pediu que fizessem um esforço e levassem somente biscoito de merenda, pois era pouco o tempo de aula deles, já que era aula particular.
E assim ficou combinado e deu certo.
Pois a mãe da professorinha tinha o cuidado de ter todos os dias, biscoitos para oferecer às crianças que não tinham merenda.
E os meninos que tinham mais, também repartiam seus biscoitos com as outras.
O clima da escola transcorria em plena harmonia.
Porém, ser professora não era somente ensinar os deveres, nem somente ensinar línguas, pois ela também ensinava o francês, na matéria da época.
Havia o lado social das crianças, principalmente das mais carentes...
E muitas coisas aconteceram...
Em cada um, uma história guardada na mente da professorinha, que ela vai contar.
05/09/2009
Breve Capítulo III