Gigante Pela Própria Natureza
Deocleciano era um sujeito viril, enérgico, e, diziam as más línguas, namorador demais para um homem casado. Mas, fumava muito. E por volta dos cinqüenta anos, as coisas começaram a falhar.
Diz que a diferença entre medo e pânico é que o medo acontece quando, pela primeira vez, o sujeito não consegue dar a segunda e o pânico vem quando, pela segunda vez, ele não consegue dar a primeira.
Depois de uns meses passando medo, veio o pânico e em seguida o desespero. Passou por todas as fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Era definitivo: o amiguinho lá embaixo não queria mais nada com a dureza. Auricélia, no inicio, não se queixou. Estava até aliviada com a redução da libido dele que sempre foi muito maior que a dela. Mas depois, começou a sentir falta dos chamegos. Também estava incomodada de vê-lo assim, acabrunhado. Resolveu intervir:
- Vamos lá, Dedé... A gente conversa com o médico. Tem uns comprimidos agora...
Ele resistiu um pouco. Só um pouco. Acabou cedendo, "pelo bem de todos e felicidade geral da nação", embora "todos" e a "nação" em questão fossem apenas ele mesmo, a digníssima e uns cachos que ele andava cultivando pelo bairro.
Comprou as tais pilulinhas e foi pra casa, acompanhado de um quase saltitante Auricélia. A mulher parecia ter tomado a versão feminina do negócio, estava toda dengosa, alegrinha...
Enquanto o comprimido não fazia efeito, ficaram ali, num namoro de adolescentes, como há muito não ficavam.
De repente, o sujeitinho que vinha murcho e desanimado começou a dar ares de sua antiga imponência. Auricélia não se conteve:
- Salve lindo pendão da esperança...
- Pô, Auricélia! Você não leva nada a sério!! Vai me desconcentrar...
- Ai, amor! Foi mal! Mas não deu pra resistir... Depois de tanto tempo sem vê-lo assim... Além disso, para de reclamar. Esse negócio é químico-orgânico... Você nem precisa estar nesta concentração toda.
- Eu sei... Mas, corta todo o clima. Vem cá, vem, minha nega... Faz daquele jeito gostoso que só você sabe fazer, faz...
Auricélia aproximou-se mais, aconchegou-se entre as pernas dele, pegou o dito com as duas mãos, abriu um lindo sorriso cheio de malícia e cantou:
- Gigante pela própria nature-eza, és belo, és forte, impávido colo-osso...
- Pô, Auricélia!!!!
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - O Hino Nacional em Outras Esferas.
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O objetivo deste EC era utilizar alguma parte do Hino para escrever sobre qualquer assunto não patriótico. Por favor, não estranhe, não se sinta ofendido em seus brios verde-amarelos, pois trata-se apenas de uma proposta para exercitar a criatividade dos participantes.