De olhos fechados

Entretanto, aos 81 anos, seu Augusto tinha o direito a um suspiro exausto. Aquela manhã fora corrida.

Acordara, como por hábito kármico, as cinco e dez da manhã. Como sempre, desde sempre, dez minutos antes do anacrônico e delicioso trim de seu relógio despertador. Sentia uma enorme satisfação ao ouví-lo, já atento e desperto. Mesmo que perdendo alguns agudos mais límpidos, após sua última otite há uns seis anos, ainda encantava-se com aquele som – Melhor, só os bem-te-vis – pensava, recordando de que há muito não os ouvia. A mudança de uma casa arborizada, em uma rua tranquila de um bairro residencial, para um pequeno apartamento em Pinheiros, tirara-lhe este mimo – Mas foi preciso vender e repartir a herança da mãe. Meus filhos precisavam desse dinheiro – emendou aos seus pensamentos, pondo um fim a uma pequena dúvida em seus sentimentos.

Após uma rápida higiene pessoal e um café preto, passado na hora em um velho coador de pano bastante curtido pelo uso, como deve ser, seu Augusto pôs-se ao trabalho. Tinha que estar tudo perfeito para aquele dia especial. Afinal, a família se reuniria em volta da mesa após um longo tempo.

Chegou à padaria pouco após esta ter aberto suas portas. O pão estava quentinho. Porém, resistiu e levou apenas dois, como habitualmente fazia. O dinheiro tinha que render. Sua aposentadoria não era grande coisa e o que planejara para o almoço consumiria uma parte importante dessa renda – Se minha Odete ainda estivesse conosco, faria a lasanha, assaria a carne e economizaríamos uns bons trocados.

Sentiu os olhos umedecerem. Mesmo após quinze anos, era-lhe incomodo recordar a ausência de sua companheira. Afinal, foram quarenta e cinco anos de cumplicidade, dois filhos e uma filha, uma vida dura a princípio, mas conquistada com o esforço de ambos, cada um desempenhando com dedicação o seu papel dentro do casamento. E doía-lhe mais essa perda, por ter sido um câncer no pulmão que a levara. Ninguém nunca lhe havia dito ou o acusado. Porém sabia que pensavam. E presumia mesmo ser verdade que a convivência entre os dois e o seu vício em cigarros, possivelmente foram os “pecados” de Odete. Não cometidos por ela, mas pagos com todo o sofrimento. E isso fazia-o lamentar-se muito. Enquanto ela se fora, ele permanecera.

Quando parou de fumar, pouco dias após a descoberta do câncer de Dona Odete, alguns acharam que ele havia aprendido a lição, que havia percebido os malefícios do tabagismo. Mas não se tratava disso. Augusto apenas se punia. Não passara um dia desde então que não sentisse vontade de fumar. Quinze longos anos querendo apenas dar uma pitada, antes e após o café, uma refeição. Até ao ver TV, ouvir o noticiário, a vontade abria-lhe um vão entre o estômago e o peito, aguava-lhe a boca. Mas detinha sua vontade com uma devoção quase religiosa. Não acender um cigarro, era como acender uma vela em lembrança à Odete.

Deixou encomendado um frango assado e dois quilos de lasanha. Pediu um litro de leite – Daqueles de saquinho! Longa Vida eu não gosto – e uma garrafa de um bom vinho nacional – Caríssimo! - mas não teria tempo de ir ao mercado e comprá-lo por menos. Apanhou seus pacotes e foi ao caixa acertar a conta.

- Bom dia, Francisco! Quanto lhe devo?

- Quarenta e seis, Seu Augusto. Vai dar uma festa em casa hoje?

- E como não? Dias dos Pais não pode passar em branco. Ainda mais em minha idade, sabe-se lá se terei outro... - revirou seu porta moedas e puxou sua última nota de R$ 50,00, entregando-a meio amarrotada para Francisco, que meneava a cabeça meio que contrariado – O que foi Francisco?

- Nada, Seu Augusto. Nada.. Anda, toma teu troco.

- Espera – disse Augusto, olhando para o mostruário de cigarros – Ainda existe o Hollywood?

- Tem sim. Mas vais te meter com estas bobagens agora? Olha tua saúde, homem!

Augusto sorriu. Um riso de moleque travesso – Quantos anos mais queres que eu viva, amigo? Pra semente eu não sirvo. Nem o pau levanta! Um cigarrinho não pode tirar-me muito da vida agora. Me de um maço e cobre daí. O troco dá, não?

Francisco balançou a cabeça mais uma vez, porém também sorrindo, e entregou umas moedas e o maço de cigarros à Augusto, que agradeceu e saiu, avisando ao amigo que estaria de volta lá pelas onze – Para buscar minha encomenda. Vê se escolhe um frango caprichado, hein Francisco! E a lasanha com muito molho!

- Pode deixar, Seu Augusto.

Chegando em casa, ligou seu rádio de mesa na Jovem Pan, para ouvir o noticiário matutino enquanto fazia sua primeira refeição, um pingado e pão com manteiga – Saco vazio não para em pé – disse a si mesmo, dando uma dentada no pão ainda crocante e quentinho, recheado de margarina ao ponto de derreter.

As notícias de sempre, transito ruim, políticos metendo a mão no cofres públicos, uma nova doença flagelando o mundo, o Brasil em primeiro lugar no ranking da FIFA, uma bomba em algum lugar no oriente médio, um tarado que agarrava crianças – E o desgraçado era tio dela! - a Lusa vencendo mais uma na Série B e se aproximando do grupo de acesso, trinta milhões esperando por um sortudo na loteria...Tudo, num gentil patrocínio da Petrobras.

Lembrou-se das intempéries e tormentas dos anos 90 e início dos anos 2000, quando a febre de vender o país tomara conta da sociedade e da mídia – Mas Lobato podia dormir em paz em seu túmulo, porque o petróleo ainda era nosso - mesmo que o frentista do posto não soubesse disso e insistisse em cobrar tão caro para encher o tanque dos carros.

Olhou para o relógio de parede da sala, um antigo cuco que ainda funcionava. Perdia uma hora e tanto por semana, que Seu Augusto acertava de bom gosto. Afinal, o relógio estava há muito tempo na família – Uns quarenta anos, no mínimo – fora para o conserto poucas vezes e era-lhe íntimo o suficiente para saber que esta hora e tanto perdida não faria falta a um homem aposentado e só – Dez para as nove – exclamou Augusto, se apressando em tirar a louça do café da manhã e limpar os ciscos de pão, da toalha de mesa. Hoje os minutos não poderiam correr frouxos. Tinha que estar tudo acertado até a hora do almoço – Ao meio dia e meia, como deve ser.

Lavou a louça e já emendou em outras tarefas importantes. Uma toalha limpa para a mesa de jantar. Bem festiva e colorida, feita por Odete no tempo em que tivera umas aulas de pintura em tecido. Os motivos de frutas quase exalavam os aromas de uma quitanda, de tão reais. Porém, sobrava toalha para a pouca mesa – Eu falei para o Felipe; filho, essa mesa é muito pequena. Como vamos fazer quando todos vierem para o almoço? “a gente se vira, pai. Cada um pega seu pratinho e come por ai, no sofá, em pé.... Não se preocupe com isso. Para o dia a dia, essa mesa é a melhor escolha” - Mas Seu Augusto ainda não estava convencido da correção desta infeliz opção. Porém, nada poderia fazer quanto a isso.

Ajeitou a toalha da melhor forma e foi buscar seu aparelho de jantar para dias especiais. Também dos tempos de Odete, pratos de porcelana branca, decorado apenas por frisos em dourado na borda, bastante simples e elegante. Só cabiam confortavelmente quatro pratos na mesa, mas apertou os espaços e encaixou oito conjuntos completos: louças e talheres – Falta uma coisa ainda... - e caminhou a passos apressados para seu quarto. Sobre o criado-mudo, uma antiga foto de família, com Odete, os filhos moços e já dois netos – Apanhou com cuidado o porta retratos e levou-o para a sala, posicionando à cabeceira da mesa, frente ao seu prato – Agora sim, tudo estava perfeito – e Seu Augusto suspirou, impaciente com o Cuco, ao conferir-lhe o horário com o da voz do rádio - “em São Paulo, Onze horas - Repita! - Onze horas.” - Teria que levá-lo a um relojoeiro novamente, sem sombra de dúvidas.

Pegou seu casaco de lã para meia estação e foi à padaria buscar a encomenda. Mas tudo era perto, que em pouco mais de trinta minutos já estava em casa novamente. Enrolou os pacotes de lasanha e frango assado em panos de prato secos, de tecido bem felpudo, para conversar-lhes a temperatura. Ainda devia ter uns bons 25 minutos até que sua família chegasse para o almoço.

Entretanto, aos 81 anos, seu Augusto tinha o direito a um suspiro exausto. Aquela manhã fora corrida.

Olhou para sua velha poltrona de repouso, posta ao lado da janela da sala, onde podia banhar-se com o sol da manhã. Caminhou até ela e sentou-se, com algum esforço nos braços de apoio, para evitar uma descida mais brusca até o estofado. Ainda lembrava-se de quando a ganhara. Não as datas precisas, mas o sorriso de Felipe, Augusto Junior e Samanta ao lhe falarem, – olha, pai. Nós compramos para o senhor. Uma Cadeira do Papai - esse era o nome do estofado. Era modesto, originalmente de chenile azul, com detalhes em mostarda. Cabeceira alta, com abas laterais feitas para ampararem uma cabeça cansada, que penderia num providencial cochilo. Odete sorridente, os filhos ao redor dele, todos miúdos, o mais velho com dez anos então. Todos querendo que se sentasse, porém querendo sentarem-se também. Fora um inesquecível dia dos pais. O último em que seu próprio pai estivera com eles. Lembrava-se de ter buscado o Velho Alfredo e tê-lo posto sentado em seu presente – Para dividirmos, pai. Uma poltroninha para velhos, que nos arranjaram – Seu Alfredo sorriu e sentou-se feliz, sentindo que o presente também era seu. Beijou a face de se pai – Feliz dia dos pais! - e foi a última vez que pode dizer isso ao seu velho. Aos 77 anos, morrera em sua cama, no pequeno quartinho improvisado que Dona Odete ajudara a ajeitar para ele – Morreu dormindo, como um passarinho... - e seria eternamente grato a Odete por ter permitido que seu pai, por vezes rabugento, ranzinza mesmo, tivesse vindo morar com eles, já que nenhum dos seus irmão quis ou pode assumir essa tarefa – Asilo não! – esbravejara Odete, quando Augusto insinuou que talvez não houvesse outra opção para Seu Alfredo. E por oito anos, aquela mulher pacientemente tolerou seu pai, até acarinhou e zelou por ele, como faria ao próprio pai, se esse fosse vivo. Por amor a Augusto. E por devoção ao que chamava de “nossa família”.

O esforço fora mesmo demasiado para os seus 81 anos. Seu Augusto achou por bem pender a cabeça para a direita, recostando-a na aba lateral da poltrona do papai. Não queria cochilar sobre a mesa do almoço – Isso não! - Um pequeno cochilo recuperaria seu vigor. E ainda havia tempo até que a família chegasse. Tempo para o descanso, tempo para pensamentos vagos e depreendidos da razão. Cerrou as pálpebras, preguiçosamente, sem relutar. E deixou-se levar pelas lembranças, pelo esmaecer sonolento.

A princípio vinha-lhe a mente a imagem de seu netinho, Rogério, ainda menino, menino, lá pelos seus quatro anos. Sabia que ele já era um moço hoje, quase casado. Mas não lhe vinha essa imagem. Apenas ele menininho, quando todos moravam no velho casarão da Rua Bartira. Quando ele se aproximava de Augusto, a espera do Sonho de Valsa ou da caixa de Bis – e que Odete os repreendia, quando dados antes das refeições. Fora uma época boa. Difícil, pela situação de desemprego de seu filho, que socorrera-se com os pais, vindo morar com a família por ali – Mas pra que servem os pais, se não for pra isso? - concordavam Odete e Augusto, tentando confortar o filho, visivelmente contrariado com a situação, que para ele era vexatória. Era um homem. Tinha aprendido isso, tinha que ser capaz de cuidar de sua esposa e filhos.

Mas então viu-se pequeno também. Num tempo mais longínquo. Augusto com uns 6 anos, no terreirão da casa de seus pais, também na Vila Pompéia dos anos 30. Seu avô Osório refastelado numa espreguiçadeira de lona e madeira cruas – Vô, por que o senhor está de olhos fechados?

- Vou te contar, Augusto. Mas olha, é um segredo só entre nós. Não podes falar nem para teu pai, entendestes? - indagou Osório, já abrindo os olhos e focando-os sobre o neto.

- Sim, vô. Eu sei o que é um segredo. Minha mãe me ensinou, quando tivemos que esconder o presente do papai.

- Isso mesmo Augusto. Assim que terás que fazer com este nosso segredo também. Mas desta vez, para sempre – fez uma pausa, esperando pela concordância de Augusto, que veio num balanço afirmativo de sua pequena cabeça – Sabe Augusto, quando fecho os olhos, as pessoas voltam. Todas elas. Meus pais, meus avós. Até as pessoas que ainda estão aqui, como seus pais e seus tios. Todas elas vêem à minha volta. E conversamos, sorrimos, dividimos uma boa caneca de vinho e um filão de pão com sardinhas... Minhas pernas ficam fortes, minhas mãos e braços, poderosos. Ouço meu fado tocar na guitarra dos amigos, ouço as gargalhadas e sinto o perfume das moças bonitas...

E seu Augusto vê duas lágrimas molharem aquela face enrugada – Vô, o senhor está chorando...

O avô sorri levemente, sem se preocupar em contrastar seus lábios com as lágrimas que caiam – Velhos são assim, Augusto. Mas não te preocupes. Também fico feliz quando abro os olhos e te vejo ai, ao meu pé, à me perguntares coisas que não sei responder – e Osório suspira quase feliz, ao ver um sorriso brotar no rosto de Augusto – Andas, vem cá e me dá um beijo.

E Augusto não pensou duas vezes antes de se pendurar no pescoço do avó e encher-lhe de beijos as bochechas salgadas pelas lágrimas. Ficou por um momento assim, abraçado, ouvindo a respiração rouca e cansada do avó. Até que foi fisgado pelo barulho das outras crianças, irmãos e primos, brincando pela casa – Vô, tenho que ir brincar.

- Vá, meu neto. Mas te lembres de nosso segredo. Para sempre.

Augusto fez que sim com sua cabeça e partiu em disparada. Nem viu, mas sabia que seu avô havia fechado novamente os olhos. E ficou feliz por agora ser possuidor de um segredo – Para sempre!

- Cuco, cuco, cuco, cuco... – e Augusto dá um pulo de sua poltrona. Assustado, busca contar os pios do Cuco, mesmo sabendo que estava bastante atrasado – Doze... Meu Deus, preciso me apressar. Eles devem estar à porta do apartamento já.

Levanta-se e dentro das possibilidades de suas pernas, apressa-se à ir ao quarto, na busca de seu relógio despertador – Este sim, não perde a hora – Seus olhos aflitos lêem os ponteiros, que indicavam sem qualquer dúvida serem 2 horas da tarde, mais 20 minutos – Meu Deus, o que eu fiz? - lamenta-se. Ao lado do despertador, o telefone. E, embaixo do aparelho, um papelzinho, rabiscado em letras graúdas o número de seu filho. Com as mãos trêmulas, pelo esforço e remorso pela soneca, disca. Do outro lado, Felipe atende – Filho?

- Pai? Tudo bem com o senhor?

- Sim, Felipe, sim. Mas estou preocupado. Acabei cochilando... me perdoem. Vocês bateram na porta e eu não devo ter ouvido...

- Calma, pai. Do que o senhor está falando? Nós não batemos na porta. Não estivemos ai.

Augusto sentiu seu coração pesar, tornar-se insuportavelmente denso – Vocês não vieram? Mas são mais de duas horas. O nosso almoço de dia dos pais... - e já era-lhe impossível conter as lágrimas...

- Ah, pai... não. O dia dos pais já foi tem mais de mês. O senhor passou conosco aqui em casa. Não se lembra? - Augusto não tinha voz para responder. Apenas suspirou – Pai, está tudo bem com o senhor? O senhor está chorando? Olha, se quiser, passo aí amanhã quando eu sair do trabalho. E o senhor vem jantar conosco. Que acha? Seria bom...

Augusto retoma o fôlego e apesar de choroso diz – Não filho, está tudo bem. Me perdoe – sorri meio que perdido entre tantos pensamentos - Velhos são assim mesmo, filho. A gente confunde tudo, chora a toa, molha as calças quando sonha... Velhos são assim, filho. Me perdoe por estar preocupando vocês.

- Não está, pai. O senhor sabe... pode ligar sempre que quiser. Não é sempre que eu posso pegá-lo, mas... a gente dá um jeito quando for possível.

- Eu sei filho... Volta agora pra sua família. O Rogério deve estar precisando de você, querendo brincar...

- Pai... o Rogério já é um moço, o senhor sabe.

Augusto sorri novamente – Viu, Felipe? Eu confundo tudo. Mas volta para seus afazeres. Teu pai também tem algumas coisas pra fazer por aqui.

- O senhor tem certeza? Podemos falar mais...

- Não, filho. Tenho certeza. E eu preciso mesmo fazer algumas coisas.

- Tá bom, pai. Mas olha, amanhã passo aí. E se o senhor não quiser vir aqui em casa, jantamos por ai. Só eu e o senhor. O que acha? Mas será um segredo só nosso. Se a Isabel souber, me mata – Felipe sorri, feliz com a travessura. Isabel detestava quando ele jantava com o pai e não repetia o jantar ao seu lado.

- Então será nosso segredo, filho. Para sempre. Agora vá para junto dela, antes que desconfie de nosso plano – diz Augusto sorrindo com a cumplicidade. Se despedem e o telefone emudece.

Augusto já não tem mais a mesma pressa, pelo corredor até a sala.

Senta à cabeceira da mesa, afastando um pouco a foto da família. Desenrola as marmitex e abre-as. Miraculosamente, os pratos estavam mornos, possíveis de serem comidos. Serve-se de um pouco da lasanha, arranca a coxa do frango desajeitadamente, deixando boa parte da carne presa a carcaça – Não importa. Não estou fome ainda - Desarrolha o vinho, previamente aberto pelo moço da padaria, e serve-se em um copo americano. Franze as bochechas, sentindo o sabor levemente frutado da bebida. Tira o maço de hollywood do bolso e apanha um cigarro, colocando-o na boca – Mas que diabos, que mal faz fumar um antes da refeição? - Acende-o com um fósforo. O cheiro da pólvora mistura-se ao aroma do fumo, numa inebriante tragada, quase tão boa quanto a primeira, sessenta e tantos anos antes.

Recosta-se na cadeira com o olhar fixo na foto sobre a mesa. E então, deixa-se levar, fechando os olhos. A casa enche-se de sons. Conversas, risos, uma alegria festiva, com Odete servindo doces e refrigerante para as crianças, enquanto adultos ruidosos põem o assunto em dia, ao mesmo tempo em que fartam-se de assados e arroz, brócolis e batatas provençal. Ao fundo da sala, seu avô Osório sorria-lhe.

- Andas, vem cá e me dá um beijo, meu neto.

E um Augusto miúdo, com as pernas fininhas de uma criança de seis anos corre feliz de encontro aos abraços do avô.

J S Pereira
Enviado por J S Pereira em 30/08/2009
Código do texto: T1783866
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