O ZÉ... DE NINGUÉM!

Nasceu num lugar tão pequeno, num arraial, chamado "Curva dos Pelados", num pequeno sítio da zona rural.Pai desconhecido, mãe também.Foi criado por um sitiante sozinho e bem carrancudo, que conta que o pobre e franzino menino foi deixado numa noite sombria e gelada, na porteira de sua terra.Conta que foi achado desembrulhado,sendo lambido por um cão muito vira-lata e pulguento, chamado Faísca.Pegou o menino e levou para uma preta velha criar à beira de um fogão à lenha sujo e acabado pelo tempo.Os anos passados e o menino crescia junto à velha mulher , soltando baforadas de um cachimbo preto e quebrado.Não tinha nome, por isso todos o chamavam de Zé.Zé de quê?Zé de quem? De nada,nem de ninguém.Zé do mundo, Zé sem pai, sem mãe, sem origem, sem história.Zé de ninguém,Zé dele mesmo, de todos...Enfim, era Zé pra lá, Zé pra cá...Tudo pediam o Zé e lá ia ele, sem dono, sem destino, mas servindo a todos.O tempo passou mais ainda e o Zé cresceu na lavoura, no pasto, na cozinha, no arado, na varrição, na carregação, lá ia o Zé, pau pra toda obra. Todos gritavam pelo Zé.Isso mesmo, gritavam.Pois ninguém falava direito com ele, mais parecia um animal do que uma pessoa.Comia na cozinha, sempre os restos e se não fosse a bondade da velha preta, Zé não comia.Ficava doente, raramente, saúde, graças a Deus o Zé tinha.A preta sempre com ele, mas carinho nada:Zé não sabia o que era um abraço, um beijo...Zé foi e foi crescendo, com pouca fala, sem choro, sem lamento.Sem escrita, sem leitura, falando pouco e mal.Pé descalço, camisa remendada, bermuda curta, enxada no ombro, embornal trançado no peito, um chapéu desfiado, muita sujeira nos pés e nas mãos, enfim lá ia o Zé.O Zé do mundo o Zé de ninguém...Vai ,Zé, continua sua vidinha,continua sua labuta e quem sabe você vai ser de aguém ,um dia!

borboleta misteriosa
Enviado por borboleta misteriosa em 06/08/2009
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