ONDE ELA ESTA?

Olá, tudo bem? Aqui chove há dias . É engraçada a sensação de aprisionamento que tenho por estar aqui dentro dessa segurança de um teto pra não me molhar. Tantos estão expostos as essas intempéries de mau humor metrológico que me sinto estranhamente privilegiado. Esse frio me faz muito bem e tenho muito mais disposição pra fazer de tudo. Mas não sei por que a criatividade deu um jeito de me deixar sozinho, ironia do destino, quando tenho disposição e posso escrever não a encontro.

Ela podia ser uma coisa alcançável a qualquer momento. Como um livro numa prateleira ou sobre uma mesa, mas fácil de pegar. Já o vejo. Teria capa dura com uma linda letra dourada lembrando os primeiros raios de sol. Não seria muito grande ou pequeno. Teria o tamanho ideal de uma boa idéia, algo como percorrer os campos repletos de flores silvestres molhadas pelo sereno e banhadas pelos primeiros raios de sol.

Animais correndo livres. Pássaros cantando no alvorecer. No alto da colina os primeiros raios de sol brindando com calor e luz esse despertar. Um cheiro de café fresco percorre todos os cantos. No fogão o crepitar da lenha incandescente a soltar chamas para esquentar uma panela de ferro cozinhando lentamente a mandioca para ser servida com um punhado de ovos caipira, recolhidos no galinheiro e fritos na manteiga pura. Junto a eles o leite quente ordenhado no silencio da madrugada. Um bule de café, pães, broas de milho, bolo de fubá perfumado com erva doce.

Como seria bom ter essa idéia. Estar La seria algo fantástico. Ouviria o ciscar das galinhas no terreiro com um belíssimo e galante galo índio, rondando alerta e de olho nas travessuras barulhentas dos cães.

Seria bom, gostoso, maravilhoso esse amanhecer. Sentaria bem cedinho, logo após o café da manha, na varanda para observar o trabalho lento dos tratores ao longe, arando a terra com maestria, para receber os grãos que irão florescer e tornar verde o campo e repleto de esperança.

Ar fresco encheria meus pulmões o cantar dos pássaros alinhariam minhas idéias. Um conto ou uma crônica fluiria facilmente para o papel. Mas esse livro não existe só me resta andar por essas ruas gélidas e molhadas a procura da criatividade e a única coisa que me envolve é o frio e chuva. E que frio! Ainda bem que estão recolhendo para um abrigo os sem teto. Esses quando chegarem lá não vão se sentir estranhos, com certeza. E se saírem, não será pelo mesmo motivo.

Mas cadê a criatividade? Preciso dela para pelo menos uma crônica, pode ser ate mesmo uma pequenininha. Que seja. Já que não a encontro vou comprar pão, não vai ser o mesmo do assado no forno a lenha. Com aquele aroma que desperta o apetite com aquelas conversas animadas ao seu redor, antevendo uma maravilha quente e perfumada.

Por agora só me resta um bom prato de uma canja de galinha com esse pão e cama. Quem sabe no amanhecer eu seja brindado com ela?

31/07/09 16:42