SÉRIE: MULHERES DO BRASIL – A EXIBIDA
Trabalhava em uma loja de revenda de colchões que se instalara recentemente numa movimentada galeria comercial de minha cidade. Lá circulava muitas pessoas, além dos funcionários das outras lojas, o que me permitia a contemplação de vários tipos humanos que por ali transitavam.
A galeria era bem eclética. Comercializava-se de tudo, por lá. Até miudezas do tipo “tudo por R$ 1,99”. Em uma loja contígua - um desgraçado mercado persa de bijuterias e outras quinquilharias imprestáveis -, era funcionária uma linda loira, tipo boazuda, cujo corpo violão chamava a atenção por si só.
E não é que a moça ainda dava uma ajudinha! Não se sabe se por ser bonita e gostosa ou se por um traço de personalidade mesmo, o fato é que ela era por demais exibida. Seu nome Paula. Paulinha, como era chamada na intimidade, era o alvo das atenções dos olhares por onde quer que transitasse. Tanto masculinos, quanto femininos.
Na galeria, ganhou a alcunha de “A Exibida”. Paulinha, A Exibida. Ela era loira, alta, cabelos cacheados, olhos castanhos esverdeados, nariz fino, corpo cheinho, tipo manequim brasileiro, onde as curvas salientes se sobressaíam e qualquer observador poderia constatar que tinha tudo em seu devido lugar. Quando ocorria de algum estranho a ver pela primeira vez, logo perguntava quem era, pois Paulinha nunca passava despercebida.
A questão era que além do potencial físico da moça, ela colaborava mais ainda com o uso de peças de roupas sumaríssimas, decotes ousados, cores chamativas e sandálias com saltos altíssimos. Ou seja, Paulinha era a exibição em pessoa e olha que nem precisava ir aos cinemas: estava em cartaz nas principais ruas e avenidas da cidade. Aonde ia, atraía os olhares: gulosos, dos homens; invejosos, das mulheres. Com algumas, não poucas, variações. Você deve saber!
Quando caminhava pelas calçadas das ruas ou mesmo pelo saguão da Galeria, Paulinha era de uma mobilidade tal, uma graça e um frescor, que parecia estar constantemente em uma passarela. Ela andava como se estivesse desfilando. E jogava o corpo para frente, e balançava o busto, e remexia os cabelos, e rebolava, e arquitetava trejeitos provocantes, e fazia “caras e bocas”, trabalhando sempre as mãos, de forma intensa e sedutora, de modo que seu andar era mais que locomoção: era uma verdadeira performance; bem estilizada.
Paulinha estava sempre aprontando uma, sempre inovando, executando desempenhos pessoais bem orquestrados, de modo que ela estava continuamente na alça de mira dos circundantes, ocasionais ou de sempre, que lhe devotavam olhares prolongados, sendo sempre muito custoso perdê-la de vista.
Nestes tempos de Copa do Mundo, ela achou de trajar modelitos verdes e amarelos, inspirados na Copa. Variava os tipos e os formatos, mas era sempre fiel ao tema futebol. Era um colírio para os olhos vê-la assim. Algo mais intenso, porém, estava por acontecer...
Defronte à empresa onde eu trabalhava, havia uma loja de moda íntima, bem variada, com ofertas diversas de lingerie para todas as ocasiões. Com a proximidade do Dia dos Namorados, resolvi de fazer uma surpresa para minha namorada e entrei na butique em busca de algo que pudesse surpreendê-la.
Quem foi surpreendido fui eu. Quem estava lá? Ela, simplesmente ela. Paulinha, a exibida. Lá estava ela em carne e osso. Mais aquela do que este. Toda fogosa, faceira, exuberante, escolhendo várias peças para possível aquisição.
Até ai, tudo bem, pois eu também estava ali em busca de novidades para presentear a minha namorada. O inusitado da coisa é que, enquanto ia escolhendo as peças interessantes que a balconista me apresentava, minha atenção foi deslocada para a cabine de prova, onde a exibida experimentava os conjuntinhos de renda, de cotton e de lycra que escolhera.
Não sei se por descuido ou por intenção, mas o fato é que uma fresta no cortinado que fechava a cabina estava entreaberta, permitindo o acesso visual ao seu interior. Foi quando, então, descortinou-se à minha frente o lindo corpo de Paulinha, às vezes desnudo; outras, trajando lingeries rosas, azuis celeste, beges, brancas, na experimentação dos modelos que a haviam atraído e agora se definia pela compra.
Tudo isso me fez descobrir que até para fazer compras, Paulinha justificava sua alcunha, sendo exibida ao extremo, não se importando nem mesmo quando era sua intimidade que estava em jogo. Para usar uma expressão popular um tanto quanto chula, Paulinha era exibida de cabo a rabo. No caso, muito rabo e nenhum cabo...
Ocorre que, lá naquela loja, aboletada de gente, havia uma mãe a fazer compras, acompanhada de seu filhinho de sete anos. Um verdadeiro peralta. O menino, que zanzava por todo lado incomodando a todos, desgarrou-se do campo visual da mãe e, aproveitando a chance do afastamento materno, investiu pelo interior da loja, indo dar junto às cabines de prova.
Paulinha, que neste exato momento estava encerrando suas provas de moda íntima, acabou se tornando vítima daquela infeliz coincidência. Deixe estar que todas as peças ela experimentara por cima das que vestia. Mas, havia um conjunto verde e amarelo, mimoso, de um componente onde havia mistura de algodão com elanca, que ela resolveu apreciar melhor sobre seu corpo. Para tanto, despiu-se. Estava totalmente nua para a experimentação do tal conjuntinho com as cores brasileiras, quando o peralta garoto, passando pela cabina, puxou o cortinado até o fim, expondo o que havia em seu interior...
E lá estava ela, Paulinha. Nuinha em pêlo. Totalmente à mostra, totalmente exposta. Exibindo-se involuntariamente para todos os que estavam por perto naquele momento, especialmente eu, que empaquei embasbacado a contemplar tão belo corpo.
Ouviu-se apenas, no interior da loja, o grito reprovador de uma mãe:
“- Felipeeeeee! Que é issooooo!” Enquanto isso, Paulinha tentava se cobrir com uma de suas mãos, enquanto com a outra tentava nervosamente devolver a cortina para o seu devido lugar. Ocorreram outros pequenos movimentos instintivos no lugar e até nas pessoas que estavam por perto, mas, sobre eles não descerei a detalhes. Somente a constatação: A exibida ficou em exibição!