Os ipês fazem amor no inverno...

Hoje quando caminhava com meus filhos para um passeio, nos deparamos com uma cena peculiar para quem tem olhos e vêem. Algumas praças com ipês floridos. A beleza é tamanha que ficamos ali parados, olhando a sua copa contra o azul. Fiquei embriagado, não sabia naquele momento definir por onde meu olhar devia percorrer, se para o alto ou para o chão. Flores em abundâncias caiam de galhos altos, enfeitando toda sua volta fazendo caminhos, lembrando assim: um tapete estendido para majestade, Ao mesmo tempo anunciando que tinham cumprido seu objetivo, de florescer, em tempos de seca. Imagino que os outros, encerrados em suas bolhas metálicas rodantes, tentando ultrapassar as outras bolhas metálica a sua frente. Gosto dos ipês, de forma especial, fico horas a contemplá-los, seus cachos, o barulho das abelhas em busca do mel, ás algazarras hilariantes dos beija flores, os bem - te - vis com seu grito estridente torna uma cena única, de pura emoção e sensibilidade um culto para a alma. Os ipês me atraem, são meus favoritos pela maneira de florescerem, de abrirem suas flores em época contrária, ou seja: muitas outras árvores abrem-se para o amor na primavera , quando o clima é ameno e o verão está para chegar, com seu calor e chuvas. O ipê faz amor justo quando o inverno chega, talvez seja essa a razão de serem tão belos, inverno é mês de aconchegos, de cio, de ficar juntos, inspirado nisso ipê fez amor e presenteou a natureza, os homens com essa beleza exuberante. Nessa época do ano é notório observarmos nos pastos queimados pelas geadas, a poeira dos campos secos, e no meio desse cenário os ipês floridos de maneiras solitárias, sua beleza é tamanha que chega nos entristecer.É nessa cena que eles compensam aqueles campos, secos alegrando-os e chamando-os á atenção dos que tem sensibilidade nos olhos, para um culto. Hoje até mesmo os pastos estão deixando de existirem. Os canaviais, á derrubada em nome do progresso, em nome do capitalismo selvagem estão destruindo essas cenas que outrora eram abundantes. Como herdeiro do Éden, lugar de deleite, que um dia nossos ancestrais perderam... Tenho saudades dele, minha alma sente, prossigo para o alvo para carreira que me está proposta, ensinando meus filhos a ter olhos para as pequenas coisas, ter sensibilidade na alma. Quem assim procede por certo não terá depressão no amanhã. Quem sabe colorir seu mundo, ele jamais ficará cinzento, e os ipês é um excelente teste para os humanos. Que a metáfora dos ipês: essa capacidade de florescer no inverno nos aguce, a amar no inverno, Seria bom se no inverno nos incendiássemos. Seria bom se no inverno a beleza brotasse dos nossos galhos nus. Que os ipês nos sirva de inspiração, apreciação, reflexão, de não nos contentarmos de dar nossas flores na primavera somente, onde o clima é favorável, época que a maioria das árvores florescem, mas florescer no inverno, ao contrário das demais, onde mesmo o clima não sendo propício, floresce mais lindo ainda, de maneira esplendorosa, Lembro-me da canção do profeta Habacuque:

Muito embora não haja flores na figueira, nem frutos se vejam nos ramos da videira; nada se encontre nos galhos da oliveira e nos campos não exista o que comer, no aprisco não se vejam ovelhas e nos currais não haja gado; todavia eu me alegro. Quando as plantas florescem na primavera, ali os homens escrevem os seus nomes. Mas quando as plantas florescem no inverno ali se escreve o nome do Grande Mistério...

Dr. J.F Alvarez

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jafjaf
Enviado por jafjaf em 27/07/2009
Reeditado em 07/08/2009
Código do texto: T1722613