O COLAR = 2a. Parte

Francine teve uma única filha que herdou o colar.

Esta sua filha teve duas filhas e um filho, que, quando ela morreu já eram casados.

Os herdeiros do colar agora eram seis e começaram a desentender-se por sua causa.

Os irmãos achavam que a jóia devia continuar, como uma relíquia, guardada no cofre, como sempre estivera, mas os cunhados achavam que não.

O justo, segundo eles, era venderem e repartirem o dinheiro.

A cunhada sugeriu que mandassem desmontar e fazer três colarzinhos com um design mais moderno, um para cada uma delas.

As irmãs gostaram da idéia, mas os maridos não aprovaram.

Acharam que seriam jóias muito valiosas para elas usarem. Era até perigoso serem assaltadas. Sem contar que o colar desmontado perderia uma grande parte de seu valor.

- Não!

E as discussões não tinham fim nem chegavam a qualquer acordo.

Toda vez que falavam no assunto, acabavam discutindo e até brigando.

Eles, que até então tinham sido muito amigos, agora não conseguiam reunir-se para um jantarzinho em família sem que acabassem chegando ao polêmico assunto, discutindo, magoando-se.

Um dos cunhados, depois de uma acirrada discussão, chegando até a troca de ofensas, foi categórico. Disse que ia reclamar judicialmente os seus direitos sobre a jóia.

Diante disso, os outros resolveram contemporizar. Venderiam o colar e repartiriam o dinheiro.

Mas não foi tão simples quanto eles imaginavam.

O colar não tinha qualquer documentação, nunca fizera parte da declaração de bens de ninguém, nem constara de nenhum inventário. Como podiam provar que era deles para vender?

Procuraram um advogado que lhes cobrou um bom dinheiro para regularizar a situação.

Agora a discussão era sobre quem devia pagar as despesas que decorreram de todo o processo. Nenhum deles tinha muito dinheiro nem estava disposto a gastar o que não podia.

Os irmãos achavam que o cunhado que forçara a barra devia arcar com a despesa, mas, é claro que ele não concordava com isso.

Depois de muita desavença, chegou finalmente o dia de pôr o colar à venda.

Também aí encontraram mais dificuldade do que esperavam.

Os joalheiros não se interessaram pela compra. Era uma bonita jóia, verdadeira, antiga, de alto valor, mas não era comercial. Dificilmente conseguiriam vende-la pelo seu valor real e ter um lucro que compensasse o investimento.

Talvez um rico antiquário... Mas, onde encontrá-lo?

Ricos antiquários não se encontram em cada esquina!

Vencidos pelo cansaço, desgastados pelas brigas freqüentes, acabaram aceitando a oferta irrisória de um joalheiro espertalhão e entregaram o rico presente de casamento de seus bisavós por um pouco dinheiro que, decepcionados e constrangidos, dividiram entre si, com uma sensação de perda muito grande.

Maith
Enviado por Maith em 23/07/2009
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