BELA PARTIDA
José Silva, evangélico fervoroso, não perdia os cultos e a Escola Dominical em sua igreja.
Ultimamente, com idade avançada, só participava da ceia e sempre dava uma mensagem aos irmãos de fé.
Domingo, depois da explicação do texto bíblico, só José fazia perguntas.
Depois, o ancião antecipou a mensagem que daria na próxima ceia e, em vez de uma, deu três, sempre com o dedo em riste.
O professor deixou-o falar à vontade, até o momento em que passou mal.
A igreja toda correu para socorrê-lo.
O crente foi sorrindo para o hospital, mas, ao chegar, entrou em coma.
No templo, todos ficaram rezando para que o Senhor fizesse o melhor para ele.
No culto daquela noite, o pastor avisou:
- Meus irmãos, José Silva melhorou, graças a Deus, mas vamos continuar a orar. Se ele sarar, será uma bênção para todos nós, mas, se morrer, será uma bênção para ele, que vai se encontrar com o Senhor.
Lita, uma serva do Senhor, não soltou uma lágrima.
- Preta, você viu a Lita? Pensei que ela fosse chorar muito, por causa do José.
- Chorar para quê, Dulce? Ele morreu feliz. Ele era bom cristão, esposo e pai exemplares e, na sua humilde profissão de coveiro, fez tantos amigos!
- É mesmo, Preta. Até dona Mocinha está tranquila. Olha como ela conforta os seus filhos. Que mulher forte!
- Olha lá, Dulce! Não parece que o nosso irmão está sorrindo no caixão?
- Ele está, sim. Eu quero que a minha partida deste mundo seja tão bonita como a do José.
- Eu também.