Desafio Literário: "Vamos todos ao Botequim!"
- A palavra “boteco” é diminutivo de “botequim”, que, por sua vez, tem a sua origem na palavra “botica”, armazém onde se vendia de tudo um pouco no começo do século XX. Os clientes iam para as boticas, faziam compras e aproveitavam para colocar a conversa em dia. Com o tempo, os proprietários das boticas começaram a servir aos fregueses aperitivos junto com uma bebida. Como muitos bares naquela época não eram tidos como locais para “homens de família”, as boticas eram uma alternativa e logo se transformaram em ponto de encontro.
- Não adianta você me dizer que vai ao botequim, que vai à botica ou que vai ao boteco. É tudo a mesma coisa!
- Não é não... Estou indo num lugar onde os “homens de família” podem ir.
- Conrado... vai fazer o que lá?
- Pense Amanda, eu não estou indo a um bar que não é um lugar bom. Eu vou ao botequim.
- Mas que desculpa esfarrapada!
E assim é.
No botequim além do habitual encontro com os amigos, ou mesmo aquela esticadinha depois do trabalho, bebe-se! E se der fome come-se. Mas, segundo freqüentadores de botequim, o motivo de freqüentar o botequim é saber as fofocas da cidade, mas isso só ocorre até o terceiro chopp.
Quando começam a beber o terceiro chopp, o negócio é falar mal da concorrência e não importa qual seja desde que se fale mal. E muito mal. É bom nessas alturas juntar a mesa onde está com os amigos, com outra de “futuros amigos”, já que nunca se sabe o dia de amanhã, e também para verificar se aqueles “futuros amigos” não são da concorrência. Se forem, dá briga e todo mundo vai embora antes que a esposa, namorada, mãe, comece a ligar.
Nesse ínterim, de mesa juntada com futuros amigos não concorrentes, vende-se o produto com o qual trabalha. Ou pelo menos tenta-se, se no caso você for vendedor de lingeries, beba seu chopp bem quietinho.
Mas aí é que está. Tudo isso acontece até a última gota do terceiro chopp num botequim e não num bar. Acontece o social.
No quarto chopp a garçonete é bem bonita e no quinto o garçon também é.
Neste momento começam as ligações.
No sexto chopp o assunto é dinheiro, ou a falta dele. Dois ou três amigos começam a chorar, um ou outro finge que a música (parada a muito tempo) está animada e convida o grupo para cantar e afugentar as mágoas.
Enquanto aquele um fala em esquecer as mágoas, os outros se lembram delas e então a dor do amor vem a tona. Pede-se mais duas rodadas porque o assunto promete bombar. Celulares desligados e ouvidos “quase” atentos, a roda do botequim mais parece com uma terapia em grupo, cujo psicanalista é assumido por todos na mesa e todos na mesa são tratados por gente que sabe o que é sofrimento.
No décimo chopp, o dono do botequim avisa que vai fechar dali um pouco, mesmo porque, de manhã todos terão que acordar cedo e trabalhar.
- Cara! Acho que nunca mais vou beber
- Não me chame de “cara” Conrado! Olha o estado que você está.
- Cara, é que você não viu o Arnaldinh...
- Não me interessa o Arnaldo, eu tenho vontade de te deixar aí, na porta!
- Cara, não! Quéisssssssso, veja só amor, o Arnaldin ta com pobrema.
- E eu com o problema do Arnaldo? Pra que beber?
- Nunca mais, nuuuuuunca maissss! Venha cá amorrrr, venha cá.
- Vai dormir no sofá Conrado! E da próxima vez eu não sei se agüento você indo às bodegas e chegando desse jeito.
- Cara, não é bodega, é bo-te-quim. Bo-te-quim, vem cá amoooorrr. Bodega não! Assim você me ofende!
Desafio Literário proposto por Michele CM
Réplica dos meus amigos recantistas:
Helena Frenzel:- Análises
http://www.recantodasletras.com.br/contoscotidiano/1615074
Fabio Codonho: - Vamos para um botequim!
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1701442
Maith: - O Encontro
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1616748
Flavio de Souza:- O último drink
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeterror/1621233
Victor Meloni:-Cruel
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeterror/1614179
Suzana Barbi: