Minha gatinha Babalu
Na época em que eu cursava o colegial, à noite, eu tinha uma gatinha com o nome de Babalu, mas eu a chamava carinhosamente de Baby e todos de minha casa. Eu a ganhei de minha tia Rose ainda filhote, sua raça era do siamês, seus olhos era como de uma pedra de safira de tão azul, seu corpo era como de algodão, macio e gostoso de sentir, ela mais parecia como uma peça de decoração, de tão linda que era minha gatinha. Não havia um só dia que a mesma cena não se repetia: Eu chegava da escola com tamanha saudade de Baby e a chamava para dormir comigo, às vezes já se encontrava dormindo com um dos meus irmãos entre seus pés, bastava chamá-la e ouvir a minha voz Baby vinha correndo, rosava a minha perna e com o seu rabo majestoso e elegante abraçava a mesma e logo eu a pegava no meu colo e deixava beijar o meu rosto. Baby foi crescendo e se tornando ainda mais linda. Certo dia eu peguei uma fitinha vermelha que eu havia ganhado da Aparecida do Norte de Nossa Senhora e coloquei em Baby para protegê-la do quebrante, como seus pelos eram macios dava a impressão que estava sufocando-a, mas não, porém minha irmã Alexandra persistiu em dizer que a fitinha estava apertada, afinal ela estava em fase de crescimento, com medo de um terrível acontecimento, decidi então deixar a fitinha mais folgada. Bem, eu a tinha como minha companheira fiel, eu era apaixonada por ela, assim como o cão é o melhor amigo do homem, a gata era a minha melhor amiga. Recordo que um dia Baby havia sumido e ninguém sabia dela e todos preocupados, pois já era noitinha se puseram a procurá-la. Depois de alguns minutos de procura eu a encontrei dentro do guarda-roupa encima as minhas roupas dormindo tranquilamente, ainda bem... Baby era uma gatinha incrível só faltava falar, não me esqueço, ela tinha o habito de toda madrugada por volta das cinco da manhã, [eu que tinha o costume de cobrir a cabeça com a coberta], chegar com suas patinhas passar sobre minha cabeça até eu abrir a coberta para ela deitar em meus braços como uma criança querendo o carinho materno e terminava de dormir o resto da madrugada assim... Isto ela só fazia comigo. Certo dia ao chegar da escola e chamar por Baby, ela não veio, dormi aquela noite preocupada e naquela madrugada ela também não apareceu como fazia todas as manhãs. Naquele dia eu senti uma dor terrível, era uma saudade misturada com um sentimento de perda, o dia amanheceu diferente... Triste.
Dias se passaram, aproximadamente quinze dias, foi tão real que cheguei pensar ser verdade, Baby tinha vindo passar suas patinhas sobre minha cabeça e terminado de dormir comigo, mas infelizmente era apenas um pressentimento que antecipava a noticia de seu desaparecimento. Pela manhã um rapaz chamado Zezinho conhecido da família veio perguntar por Baby:
-- Você encontrou sua gata? – Perguntou ele.
-- Não. – Respondi tristemente.
-- Então venha ver uma coisa.
Para a minha enorme tristeza Baby estava morta. Seu corpo já estava se decompondo. A fitinha que eu havia colocado para protegê-la do quebrante acabou por matá-la. Acredito que quando me ouviu chamá-la naquela noite a fitinha enroscou no arame farpado e numa tentativa desesperadora de sair do arame se enroscou ainda mais causando um enforcamento até a morte. Eu chorei muito, até soluçar. Nunca mais teria outra igual... Um triste adeus e a última homenagem... Então, cortei a fita que a mantinha presa ao arame e tomei-a em minhas mãos trêmulas, abri uma pequena cova e coloquei seu corpinho inerte e com todo o meu amor e em lágrimas de imensa dor o cobri com a terra fria e fiz uma breve oração, afinal era uma criatura de Deus e merecia devolve-la com dignidade... Tentei ter outra gata parecida com Babalu, mas impossível ela era insubstituível. Dizem que os animais domésticos sentem primeiro que os seus donos as forças negativas chegando até adoecer... Acredito realmente que isto seja possível. Os animais assim como as plantas são seres vivos que necessitam também de carinho, afeto e cuidados, pois são grandes guardiões da vida humana.
“Publicado na Antologia “Animais amigos e importantes 3”, Organização: Júlia Fernandes Heimann e Márcio Martelli - pg: 106 – Editora InHouse”.