O inglês dos trópicos
- Não confiem nos desconhecidos, meus jovens! Foi por causa deles que fui impedido de salvar a minha nobre Inglaterra. Estes malditos ratos me confinaram aqui e agora não mais serei lembrado nos livros escolares. Retiraram de mim até minha roupa de nobre, fazendo-me vestir estes trapos que causariam vergonha ao mais insignificante plebeu. Mas ainda nem lhes contei o pior. Como se já não bastasse, ainda querem me destituir até do meu nome! Mas não me deixarei enganar! E não deixem vocês que lhe façam o mesmo! Lutem pelo seu país, mesmo que seja ele apenas uma maldita província tropical! Mantenham-se firmes em seus objetivos durante a guerra e não se deixem esmorecer diante das dificuldades. Tomem a mim, E. F. como seus exemplos! Viva a pátria!
- Fazendo escândalo novamente, seu Bartolomeu?
- Quantas vezes terei de lhe dizer que meu nome não é este, verme miserável?
- Se o senhor continuar assim, terei de ordenar que aumentem sua dose de remédios.
- Não, por favor! Tudo menos isso, eu imploro!
- O senhor está sempre me dando trabalho.
- É nisso que dá prender um nobre revolucionário.
- Já chega, vou ordenar agora mesmo que sua dose seja aumentada. - dito isso sai do quarto trancando a grade mais uma vez.
O senhor Bartolomeu (ou seria E.F.?) corre à grade e dela grita para o homem:
- Não, por favor! Prometo que passarei a me comportar, mas não aumente ainda mais a maldita dose ou acabará me matando! - não obtendo resposta do enfermeiro, grita com todas as suas forças - Verme miserável! - ninguém comparece, nem ao menos para xingá-lo, então ele afasta-se da grade, sobe novamente no banquinho posto abaixo da "janela" (a melhor descrição seria um buraco na parede, quadrado e com grades), coloca a cabeça na frente desta e berra pela última vez para as pessoas que passam na rua - Viva a pátria!
Depois disso os enfermeiros chegaram com a super dosagem de remédios e ele nunca mais conseguiu subir no banquinho.