Cadernos do homem comum [4] - João Vítor
[1]
Ela entrou pela porta do ônibus, passou pela roleta. Ele logo a notou, sendo retirado do transe em que se encontrava; até aquele momento, os minutos do dia pesavam. Ajeitou-se na cadeira e a seguiu com os olhos até que ela se sentasse. Os minutos ficaram mais leves. Infelizmente, também lhe pareceram mais curtos.
Ela seguia indiferente, olhando pela janela. Ele observava, tímido; decidira pôr os fones de ouvido para fingir se ocupar com outra coisa. Ela o fitou por alguns segundos, com um olhar curioso. Ele baixou a cabeça, esticou as mãos até o bolso e puxou o seu MP3. Será que fora descoberto?
Depois de alguns minutos, arriscou-se a levantar os olhos. Ela se preparava para saltar. O seu olhar a seguiu até a porta. Como era bonita. Mas agora não estava mais lá, descera. Desaparecera no meio de uma multidão de pessoas que caminhava pelo centro da cidade. Ele se pôs de pé, saltaria no ponto seguinte; sequer chegou até a porta. O ônibus derrapara. O motorista não conseguira enxergar um carro que o ultrapassava pela direita e perdeu o controle. Tudo ficou preto.
[2]
O acidente envolvendo o ônibus foi destaque no noticiário local. Ao todo, foram contabilizados dezesseis feridos e apenas uma morte; João Vítor Magalhães Ferreira, um corretor de imóveis de vinte e sete anos.
- Para mais textos, visitar o Site do Escritor -
- Conheça também o Na Ponta dos Lápis, um blog sobre literatura -
[1]
Ela entrou pela porta do ônibus, passou pela roleta. Ele logo a notou, sendo retirado do transe em que se encontrava; até aquele momento, os minutos do dia pesavam. Ajeitou-se na cadeira e a seguiu com os olhos até que ela se sentasse. Os minutos ficaram mais leves. Infelizmente, também lhe pareceram mais curtos.
Ela seguia indiferente, olhando pela janela. Ele observava, tímido; decidira pôr os fones de ouvido para fingir se ocupar com outra coisa. Ela o fitou por alguns segundos, com um olhar curioso. Ele baixou a cabeça, esticou as mãos até o bolso e puxou o seu MP3. Será que fora descoberto?
Depois de alguns minutos, arriscou-se a levantar os olhos. Ela se preparava para saltar. O seu olhar a seguiu até a porta. Como era bonita. Mas agora não estava mais lá, descera. Desaparecera no meio de uma multidão de pessoas que caminhava pelo centro da cidade. Ele se pôs de pé, saltaria no ponto seguinte; sequer chegou até a porta. O ônibus derrapara. O motorista não conseguira enxergar um carro que o ultrapassava pela direita e perdeu o controle. Tudo ficou preto.
[2]
O acidente envolvendo o ônibus foi destaque no noticiário local. Ao todo, foram contabilizados dezesseis feridos e apenas uma morte; João Vítor Magalhães Ferreira, um corretor de imóveis de vinte e sete anos.
- Para mais textos, visitar o Site do Escritor -
- Conheça também o Na Ponta dos Lápis, um blog sobre literatura -