construção

Seus olhos cansados já não atendiam aos apelos para continuarem abertos, o mundo ao redor de si, transformou-se em uma névoa densa e asfixiante; venenosa, ia corroendo seu corpo e suas idéias. Um zumbido apitava em seus ouvidos, talvez de trombetas, talvez saxofones, talvez a hora derradeira tivesse chegado.

E assim terminou-se a jornada, esperando algo que não sabia muito bem o que era, nem se devia esperar. Mas como não esperar, quando não se tem outra saída? É impossível reconstruir o mundo, tudo já está feito de maneira demasiado complexa e dramática. Ele encheu os pulmões de ar, sentiu a vida entrar-lhe pelo corpo e soltou através de uma expiração lenta na qual viu tudo com clareza.

Neste instante o telefone tocou, era o que havia esperado até aquele momento sem obter nenhum êxito; estendeu a mão, em pensamento, pois esta já não desejava, nem podia reagir. O telefone tocava, agora percebeu que este era o som que lhe apitava nos ouvidos.