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DEPOIS DA PERDA...


Juarez seguia projetando no outro o que no oculto do seu interior trazia: desejos, frustrações, rebeldia... Por isso aquela coisa insana de imaginar saber o que ia na mente das pessoas... Ninguém sabe qual mania se poderá adquirir depois de um trauma.

Parou em frente ao Cyber Café, lembrou-se de como era bom o café dali. Coçou a cabeça, deixando os cabelos em desalinho. Um café inglês – era como gostava. Muito café, pouco leite. Diferente do francês que é muito leite, pouco café. E seguiu.

Aquela sensação de que a vida havia sido jogada para o alto e a dificuldade de juntar as partes o deixava amargurado, querendo saídas, idas, respostas, voltas...

E o vazio que ficou? E a dor? Juarez queria respostas.

- A dor da perda não há quem console... Só o tempo, só o tempo... – Dizia para si mesmo, numa fala incisiva, talvez num “auto consolo”.

Olhou para um latão de lixo e sentiu parte dele. Era resto, destroço, caco, sentia-se meio. A viuvez o deixara metade e na concepção de Juarez, a sua melhor parte havia sido roubada de uma maneira ilógica, estúpida.

- Sou reles, resíduo! – Bradou.

A revolta revolveu dentro de si, a fúria parecia querer dominar-lhe o pensamento, as palavras. Dor quando demais desperta-nos uma violência que nem mesmo conhecemos. O lado mais animal do homem aflora. Predador!

Sentiu vontade de extravasar aquele ódio, de arrancar de si tamanha dor e revolta. Mas, em quem? Por quê?

A amargura da alma se fez física e amargou-lhe a boca. Teve náuseas. Repudiou aqueles pensamentos. Respirou fundo, continuou a caminhada...