BEBEDEIRA FAZ COISAS...

Eram dois amigos inseparáveis, vistos frequentemente juntos, mormente numa mesa de bar, onde, segundo eles, haviam sacramentado sua amizade, há alguns anos atrás, tendo por testemunhas um suculento tira-gosto e uma loura geladinha.

Pelo menos três noites por semana eram eles notados, ora no boteco, ou na rua, no início da madrugada, quando o estabelecimento fechava, na maioria das vezes, pelo pequeno ou quase nenhum movimento, principalmente quando a noite estivesse muito fria. Nessas oportunidades, era impossível identificar quem estava conduzindo quem para casa.

Vou omitir o nome dos protagonistas, porque, sendo pessoas bastante conhecidas na cidade e o fato muito comentado à época, qualquer semelhança não seria mesmo mera coincidência.

Pois bem, Fulano e Cicrano, como de costume, davam um bordejo de madrugada próximos ao largo da matriz, conversando truncadamente, trocando as pernas e as letras, naquela cavaqueira que somente a eles parecia fazer sentido, não para quem passasse pelo local. Até aí, nada de novo.

Nesse dia, alguém que passava no momento, que jurou ter ouvido claramente a conversa, disse que, o Fulano, tentando firmar o corpo sobre as pernas, cambaleante, parou subitamente como se ocorresse uma sobriedade repentina, olhou fixo para a torre da igreja e saiu com essa:

- Nossa, Cicrano, a torre da igreja está balançando!

Cicrano, assustado, também como se tomado da mesma repentina sobriedade, respondeu:

- Larga mão de ser bobo, Fulano! Se a torre da igreja tivesse balançando, o sino “tava” batendo!

- É... Respondeu o outro, atendendo ao apelo da maior das lógicas.

Voltando ao estágio inicial de semi-inconsciência, seguiram tropegamente o seu caminho e até hoje mantém a versão de que não houve esse fato, que não passou de uma intriga da oposição. Vai-se saber...