O assalto

Era meia noite e quarenta e cinco quando deixei o trabalho em direção a minha casa, depois de dez horas estressante e repetitiva numa padariade movimentação infinita. Mas não tenho o que reclamar é de onde vem meu sustento mesmo sendo sofrido lutando com diversos tipos de pessoas, de diversos tipos de caráter, mesmo sabendo que lidar com pessoas não é realmente o que ninguém deseja é um martírio para os ânimos de qualquer um.

Para mim iria sendo um dia como qualquer outro as mesmas fisionomias de pessoas que como eu dão duro para movimentar a padaria, a mesma função enjoativa, as mesma zoações dos colegas uns com os outros, falando isso ou aquilo, comentando o futebol do dia anterior.

-Quanto foi o jogo

-Seu time desta vez vai cair para segunda divisão.

-Que nada sempre consegue se recuperar

Outros gritando:

-cancela isso, marca esse, água Aderbal.

Esse é o que mais sofre, todo mundo zomba dele, caiu qualquer coisinha o pessoal logo grita:

-Calma Aderbal, calma! Não precisa essa violência

A padaria inteira inclusive os cliente começam a gargalhar

As horas vão passando demoradamente e todo o alvoroço só termina meia noite e alguns quebrados, como eu, meu cunhado e Alexandra que é um quase gerente da padaria somos os últimos a saírem, lá por volta da meia noite e quarenta e cinco peguei a bicicleta e sair rumo minha casa, louco para chegar logo e poder descansar, foi então que resolvi parar e colocar os fones de ouvido para escutar musica e tentar me distrair nos vinte quilometros que separava a padaria da minha casa , no meu caso de pedaladas fortes, ruas desertas só carros passam, lugares estranhos é a madrugada de todas as cidades, ninguém passa lugares escuros apenas eu e mais ninguém nas ruas desertas da cidade, chega em determinados trechos que é preciso atenção, trechos perigosos onde ocorrem assaltos freqüentemente ou pessoas usando drogas é preciso atenção na movimentação, coisa que não prestei por conta do maldito fone de ouvido, maldita musica, quando sem esperar embaixo de uma ponte que servia de abrigos para mendigos e utentes de drogas, grupinhos de adolescentes que sem nada para fazer se utilizam de lugares asquerosos para manifestarem os desejos menosprezados pela sociedade, a loucura ilógica do ser humano, a decadência de toda raça jovem que se perdem nos prazeres dessa vida.

Quando já embaixo da ponte dei de cara com dois marginais, ladrões de uma figa, assaltantes flagelados, viciados a procura do alimento diário, procurando sustentar o vicio voraz que rompe todas as barreiras dos pensamentos indo alem do bom censo, pararam-me tentei correr eles me cercaram um ficou atrás de mim não falou nada o outro já com a mão na minha bicicleta foi logo dizendo:

-Não corre, não corre não neguinho, não corre não,vai passando o dinheiro e o celular, vai, vai, vai.

Arrebatou o celular de dentro da minha jaqueta fazia muito frio naquela madrugada pegou minha bicicleta e como vinha outra pessoa não deu tempo nem de revistar minha carteira dentro da mochila e antes de saírem correndo ainda olharam para traz mandou-me correr

- corre neguinho não fica ai não.

Ameaçou voltar, mas se deu conta que a outra pessoa já estava se aproximando e logo desapareceu.

Foi o momento em que desconjurei o fone de ouvido ferozmente se não fosse o fone não teria me distraído e perceberia a movimentação estranha em torno da ponte agora já é tarde. Fui a pé os últimos dez quilômetros que restava e pensando no ocorrido os fila da puta que não fazem nada o dia inteiro, levam uma vida de marginais tirando a segurança das pessoas nas ruas, importunando, marginalizando a cidade, marginais leprados pela deficiência de se viciar, guiados pelas causas infames que lhes fazem sustentar.

Caminhei a madrugada inteira, caminhei e de relance cantei a ultima musica que ouvir antes de me levarem o celular, cantei sem nenhuma frustração

A musica que dizia o seguinte: “vivo sem saber até quando ainda estou vivo, sem saber o calibre do perigo, eu não sei de onde vem o tiro”