Indefinido

Não sabia exatamente como agir, estava na verdade, com vergonha do que poderia estar acontecendo.

Ligou. O telefone tocou várias vezes, mas ninguém atendeu. Insistiu, nada. Enviou e-mails. É claro que não diria nada, mas a presença dele lhe fazia muito bem.

Novamente levantou o aparelho do gancho.

-Alô?

As mãos dela começaram a suar. Ele atendeu. Não sabia o que tinha naquele homem que fazia ela sentir-se segura. E era estranho a maneira como ele a olhava. Mais estranho ainda o que ela sentia ao ser olhada.

Foi então que descobriu o que estava acontecendo, e o por que de tanto silêncio. Ele esteve em um hospital. Estava debilitado, doente, perdera um pedacinho sem muita significância, mas que ela sabia, doía muito.

-Me diz, já está te alimentando?

-Fiz uma sopinha, hoje...

Era indefinido o efeito que aquela frase causara sobre ela. Sentia raiva das coisas que os distanciavam um do outro quando mais precisavam que qualquer pessoa estivesse ao seu lado. Sentia rancor pelo tempo que não foi a favor deles. Sentia ódio de quem estava ao seu lado e pelo jeito não merecia. Sentia medo de ir até ele saber como se recuperava. Sentia vergonha...

...por ser "a outra".

Caroline Garcia Cruz
Enviado por Caroline Garcia Cruz em 23/06/2009
Código do texto: T1663907
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