Coisas de africa ( uma cobra debaixo da cama)
 
Tarde quente.
Aquele amornar, que torna o corpo dolente.
apetece dormitar fazer uma sesta para as forças recuperar

Silêncio na plantação.
Só se escuta, o cacarejar no galinheiro.
As aguas do rio correndo.
Um pio de ave sumido.
Um baque surdo agudo.
A natureza. na sua beleza e crueldade, subsistindo.
A vida, o destino das coisas. 

E, na selva, ou no rio,
apenas se ouve o que o silencio permite ouvir
 
No palmar, estáticos, os seus ramos frondosos
O vento parece ter adormecido.
Nem uma aragem para o refrigério saboroso.
Apenas o rio, correndo, apetecido, fresquinho mas cheio de olhinhos escondidos.
A mancha dos cafezais parecem um prado verdejante
onde apetece alongar o olhar.
Das muitas arvores de fruta madurinha caiem para glaudio da passarada, as mais pesadas de tão amaduradas    

Nas senzalas, que rodeiam as casas principais,
simples sem atavios, 
um sossego que o descanso permite
a quem a faina do trabalho madrugado, já muito esforçou.
Aldeamentos sazonais que abrigam almas de gentes
que ganham o seu sustento em trabalho honesto.

Sinuosa procurando abrigo,uma enorme cobra sai do matagal ciscundante 
que o calor obrigou a sair do seu esconderijo.
Serpenteando silenciosa na tranquilidade que a seduziu.
Que nem o faro do cão a previu.
Nem ao gato matreiro enrolado ronronando, preguiçoso
cansado de noites de caçada

Dormita sobre as sacarias empilhadas.
Nem ao nosso velhinho cozinheiro.
Já com uma pinguita a fazer os seus efeitos cabeceia encostado a uma mesa não tarda tem a janta para fazer.
Não se apercebem da perigosa cobra soberana das savanas.


Sorrateira entra na clareira,
que rodeia a casa e,
por uma porta entreaberta se escapa

e, aquela visita inesperada, ao abrigo do fresco da tarde  quente, ardente, procura abrigo na frescura,
debaixo de uma cama em sitio escurecido
e, ali ficou até à hora de recolher.

Noite adiante, gritos de aflição. 

Minha mãe, e minha irmã,de férias escolares deram conta da atrevida.
Um arrastar do bacio alertaas desprevenidas.
A lanterna é acionada para o sitio
onde minha mãe, pensava ser o gato vadio.
A cobra avultada enrolada  movimentava-se silenciosamente.
Vê-se acossada e torna-se agressiva e apressada.

Ela bem tentou atacar para fugir.
Com um tiro certeiro é morta prontamente
pelos fieis empregados que acorreram,
que pela noite adiante, ainda acordados,
tinham os seus hábitos de prolongar os seus serões,
e ouviram os gritos desesperados da minha mãe.

Perigo tão bem escondido mas, que pela noite, iria fazer a sua colheita, genese da sua natureza, tambem a procurar sobrevivencia.
Tristemente surpreendida em lugar mal escolhido para abrigo
Na quente noite, de uma fazenda, da minha África amada.

história verdadeira
De tta

 22~06~09
 
Lembranças de África

Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 22/06/2009
Reeditado em 22/06/2009
Código do texto: T1660988
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