sussurros de eu te amo
Ele sussurrou “eu te amo” no ouvido de Márcio que permanecia deitado sobre seu peito, de olhos fechados e respiração leve. Pôde observar que Márcio sorriu ao ouvir sua voz e não se conteve em continuar “te amo, te amo, te amo”. Suas palavras só foram abafadas quando a língua dele atingiu o céu de sua boca. Leonardo pressentiu o que viria a seguir.
Já estavam deitados, nus, na cama, fazia algumas horas. Era o dia de folga de Márcio no trabalho e Leonardo matara aula para que pudessem ficar juntos. Um bom vinho tinto e alguns beijos depois e já estavam na cama. Abraços, amassos, carinhos. Tudo ficava extremamente charmoso quando acontecia entre os dois. Era a calma de dois amantes que se conheciam bem e sabiam satisfazer um ao outro na cama. Com eles nem tudo se resumia a sexo. A relação dos dois era baseada no diálogo, no amor. Sem aquele velho clichê de que gays são indiscretos e obscenos. Quem observava a vida que eles levavam podia perceber que o amor transbordava dos olhares que eles trocavam.
Na cama, depois de conversarem trivialidade, renderam-se ao cansaço de mais uma semana exaustiva. Márcio depositou sua cabeça sobre o tórax de Leonardo e fechou os olhos. Ficou ouvindo os batimentos cardíacos daquele coração que fazia funcionar o que ele tinha de mais precioso. Lembrou de agradecer aos céus por ter encontrado parceiro tão perfeito. Ao ouvir o “eu te amo” da boca de Leonardo quase criara asas e saíra voando. “Esse amor vai me levar a loucura”, pensou e sorriu.
“Porque você me ama?”, Leonardo perguntou devagarzinho.
“Porque você é meu!” respondeu Márcio entre um suspiro.
“E porque eu sou seu?” Leonardo abaixou a cabeça para encarar Márcio nos olhos. Adorava essa conversa na cama, era sempre ela que fazia os momentos com Márcio serem ainda mais perfeitos.
“Porque você é meu?” questionou Márcio, seus olhos repousando nos de Leonardo, seu corpo deslizando sobre o dele para ficarem mais próximos.
“Porque não há nada no mundo melhor do que ser seu”
“Mas você nunca experimentou nada mais no mundo além de mim” ponderou Márcio, mais velho, mais experiente.
Leonardo o encarou longamente antes de respondê-lo “Porque nunca senti necessidade... Você me supre, me alimenta, me satisfaz. O mundo não faz sentido quando estou longe de você”. E virou o jogo, ficando por cima de Márcio. “Essa pele, esses músculos, essa boca, cara, você me fascina. Pra quê eu vou querer outra coisa?”
Márcio sorriu, olhava praquele menino de dezenove anos com toda uma vida pela frente. Sabia que aquilo não poderia durar pra sempre, por mais que assim desejasse. Sabia que ele ainda criaria asas, ainda iria querer voar. Mas estava pronto pra isso. Os momentos vividos com aquele garoto sempre eram aproveitados até o talo, mas ele sempre temia o momento de vê-lo partir. Não queria usar de joguinhos, não queria brincar com uma alma tão nova e inocente. Ouvia suas declarações com extrema felicidade, mas fazia questão de ser sempre sincero com o Leonardo.
“Meu menino... será que a gente está fazendo certo? Eu sou quase vinte anos mais velho que você, eu sou praticamente seu professor Léo... e se...”
Leonardo colocou o dedo sobre a boca de Márcio “shiu, não tem nada errado. Eu te amo cara, te amo. E você sempre me diz que quer me ter pra sempre. Eu sou seu, e não há nada que você possa fazer pra mudar isso”
Márcio se rendeu. Sabia que o menino estava certo. “garoto sábio, esse que eu arranjei” pensou. Sabia que por mais que tentasse não conseguiria fugir desse amor que sugava todas as suas forças, que queimava seus ossos e deixava em fogo seu coração. Não sabia mais viver sem a presença de Leonardo nos seus pensamentos. Não sabia mais viver sem ouvir as declarações de Léo no seu ouvido. Rendeu-se de bom grado quando ele voltou a beijar-lhe. E resolveu deixar pra lá o papo de “sou vinte anos mais velho que você” por pelo menos mais uma noite.