MÁGOAS

Acordei triste. Uma tristeza que sempre sinto depois de uma discussão. Há lágrimas em meus olhos. Lágrimas que segurei até esse momento para deságua-las como se elas fossem a única solução. O único consolo.

Brigamos a noite toda. Eu e ele. A madrugada encontrou-nos a dizer palavras duras. Palavras que sempre são ditas nesses momentos. Palavras que ficam camufladas nos sentimentos que não se expõem.

Dormimos juntos mas as almas separadas pelos sentimentos mais duros. Agora choro o medo de perde-lo. O medo de novas palavras que ferem. O medo do dia que se arrasta em olhares baixos e lábios que não se abrem com medo de nova discussão.

Não nos conheço nesses momentos. Duas pessoas que procuram ferir e ainda no outro dia beijam-se desejando um bom dia. Mas o dia será amargo se eu não me dispuser a vencer as barreiras. E já são tantas que às vezes penso estar somente fingindo para não sofrer. Para não discutir. Para não sentir medo.

Dias irão até que as últimas sombras se dissipem. As palavras serão escondidas nessas mesmas sombras. A razão será de quem a quiser. Mas jamais exposta para não dar o braço a torcer.
Sonia de Fátima Machado Silva
Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 27/05/2006
Reeditado em 16/12/2008
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