O verdadeiro lar de josie
Josie foi à sexta de oito irmãos, quando fez sete anos, seu pai teve um derrame e faleceu deixando sua mãe grávida do nono filho. Foi muito difícil pra mãe de Josie se ver só, pois o marido era o único a trabalhar, se a vida já era difícil com ele imagina sem...
A mãe de Josie ficou muito chorosa, pois não sabia o que fazer com tanta saudade do marido e com a possibilidade de ver seus filhos passarem algumas necessidades... Acabou esquecendo que já havia feito nove meses de gravidez. Foi quando se deu conta de que não mais sentia a criança e foi procurar ajuda médica. Qual não foi sua surpresa quando o médico lhe disse que seu filho já estava morto há seis dias, e que mais pouquinho ela também poderia estar morta. Sim, a criança já estava saindo até a pele... O útero já estava infeccionado. A mãe de Josie chorou muito, para ela não importava se tinha oito filhos, e sim que era mais um ser que amava.
Passado alguns meses a situação foi ficando cada vez mais difícil, sem ter como trabalhar a mãe de Josie, chorava Cada dia mais, não sabia como ia conseguir sustentar oito filhos.
Certo dia um irmão dela apareceu e lhe disse que o jeito de ajudar seria levando um dos meninos com ele. Olhando para um que era seu afilhado, perguntou se queria ir com ele, o menino respondeu que não, dizendo que não deixaria a mãe sozinha. Então ele em seguida olhou para Josie e perguntou, você quer ir comigo? E ela pensou, pensou... Josie que já estava triste porque seu irmão mais velho se sentia com poderes pra tomar o lugar de seu pai, e que educar e bater eram sinônimos. Volta e meia, dava uns cascudos na cabeça de Josie (batia na cabeça dela com as mas fechadas) e ela já não agüentava mais. Ele dizia que era pra lhe ensinar a fazer as coisas direito. Ela olhou para o tio e respondeu; sim eu vou! E olhando para a mãe falou, vai ser muito mais fácil com sete filhos do que com oito. Arrumou sua pequena sacola de roupas e com passos inseguros, foi com o tio.
Josie não imaginava como seria a sua vida longe de sua mãe e de seus irmãos e nem o que iria encontrar na casa do seu tio. Não conhecia ninguém. Sabia que tinha três primos porque o seu tio contou enquanto viajavam, mas ainda tinha a esposa dele que ela nem imaginava como era.
O tio morava em Petrópolis. Era um apartamento bem grande. Josie ficou meio sem graça, não sabia como se portar, mas enfim,o tio a apresentou a todos e Já havia anoitecido, jantaram e logo depois foram dormir. No dia seguinte quando acordou seu tio já havia saído e voltou com dois vestidos e um par de sapatos, tinha feito sua matrícula na escola e já chegou lhe atribuindo suas tarefas... Josie escutou e não tinha muito que falar, mesmo que tivesse sua timidez não deixaria.
Josie foi acordada pelo tio às cinco e trinta da manhã, foi tomar banho e às seis horas foi realizar a sua primeira tarefa do dia, sua tia deu em sua mão, uma leiteira redonda com a alça quadrada que na época se usava e lhe disse: -Vai e compra quatro litros de leite... E Josie foi sem saber o quanto ia ser difícil realizar a tarefa, que parecia fácil... Imaginem vocês, na casa do tio de Josie tinha uma escadaria que dava pra rua de nada mais nada menos que cinqüenta e cinco degraus... Como Petrópolis tem muito morro, e o prédio ficava bem em cima, e vamos e convenhamos que quatro litros é muita coisa para uma criança de sete anos. Josie tinha que descer e depois subir todos estes degraus com a leiteira cheia. O dono da padaria ficou indignado com aquela cena, atendeu Josie e depois penalizado ainda a levou até o pé da escadaria. Ela subiu com muito sacrifício. Josie tomou seu café e logo foi para o colégio. Quando voltou, sua tia havia colocado seu prato pronto em cima da panela e falou: -Josie, você almoça e depois lava a louça... Ela almoçou e foi lavar a louça, tudo bem que lavar a louça é coisa que nunca havia feito nos seus sete anos de vida, por isso fez o que já tinha visto a mãe fazer. Quando acabou de lavar a louça, foi fazer a sua terceira tarefa do dia que era olhar a sua priminha de dois anos.
Passado algumas horas, seu primo chegou dizendo que o pai dele a estava chamando. Ela pegou a prima pela mão e foi para a cozinha, onde o tio a esperava. Ele estava com uma leiteira que ela havia lavado na mão e mandou que olhasse dentro! Perguntou se ela achava que estava limpa? Ela olhou a leiteira viu um risco de leite... Josie abaixou a cabeça e balançou dizendo que não. O tio num só movimento puxou o cinto e começou a bater na menina... Josie que não esperava, gritou muito e sem entender porque teve que apanhar, se era só lavar de novo a leiteira... A partir desse dia, as surras eram constantes, tudo que Josie fazia e sua tia achava que estava errado, contava pro marido que achava que o jeito de corrigir era dando uma surra em Josie. No prédio em que eles moravam tinham outros moradores que eram inquilinos do seu tio, já que todo os outros apartamentos eram dele, pois bem, as pessoas quando ouviam os gritos de Josie, ficavam indignados gritando que ela não era filha dele, por isso ele não tinha o direito de ficar espancando a menina. Josie apanhava do tio quase todos os dias e ainda pra piorar apanhava do primo que tinha a mesma idade que ela, mas como era gordo e grande e ela magrinha não aguentava com o primo. Fora que se ela reagisse sua tia, ficava com mais raiva ainda.
O ano passou e Josie cada vez sentia mais saudades de sua mãe e de seus irmãos, que nem sonhavam com o que acontecia com Josie na casa do tio. Josie escrevia para a mãe, mas o tio não enviava as cartas, só que ela não sabia disso.
Chegou o fim do ano e veio o boletim da escola. Reprovada. Josie mais uma vez provou da força e do cinto de seu tio. E pensou; como ia passar de ano se não tinha tempo de estudar, eram tantas as tarefas... Neste mesmo ano, já perto do natal, Josie teve uma surpresa, e que surpresa! Seu irmão mais velho apareceu, Josie nunca ficou tão feliz na vida como naquele dia. E o seu irmão fez a pergunta que ela tanto queria escutar: quer voltar comigo? A mamãe não agüenta mais de saudades... Aquela resposta não precisou ser pensada, Josie respondeu em seguida, sim! Falou com toda a convicção de uma menina que sabia o que queria naquele momento. Correu para o quarto pegou suas coisas, dois vestidos e um par de sapatos, aqueles que o tio comprara e que foi a roupa de Josie durante o ano todo. E partiu com o irmão.
Quando Josie entrou em sua casa, estranhou, pois, era bem diferente da casa do tio, e ela já estava desacostumada com o ambiente. Olhou tudo como se fosse a primeira vez que entrava naquela casa. Mas a alegria invadiu seu ser quando abraçou sua mãe e seus irmãos. Estava feliz! E sentiu que ali sim, é que era seu verdadeiro lar.
O meu primeiro conto na arte que é escrever...
Espero críticas dos amigos do Recanto!
Obrigado e beijos!