Vida de Criança

Um homem rude vivia em uma pequena fazenda, juntamente com a mulher e aos oito filhos; aquele homem rude e simples, administrava aquela pequena fazenda com a ajuda dos filhos, enquanto que a mulher labutava no preparo do alimento familiar; a labuta na Fazenda era rudimentar, uma vez que não havia maquinaria. Ali, plantava-se de tudo, café, mandioca, batata, feijão, milho, melancia, hortaliças etc. havia um pomar e também algumas vacas leiteiras, porcos e galinhas. Dali era extraído o sustento da família.

Certa vez, uma das vacas que estava na hora de dar á luz, desapareceu, e, aquele homem convidou o filho mais velho dos homens que eram apenas dois e ambos deram-se ao mato a caçar aquela vaca perdida, (ocorre de certos animais esconderem-se na hora do parto), e lá se foram, pai e filho mato adentro, aquele pequeno moleque de apenas oito anos de idade corria ladeira acima pela trilha, na tentativa de alcançar os largos passos do pai, "embora aquele menino possuísse apenas oito anos, ele conhecia todos os recantos daquela Fazenda", ele conhecia-a palmo-a-palmo, "é óbvio, ali em meio ao matagal, junto aos pássaros, as raposas, aos tutus, aos coelhos, etc. ele fora criado". A seguir aos passos do pai e após vencerem aquela ladeira, eles chegaram a um platô onde a vegetação era menos espessa; aquele garoto deixou que o pai seguisse adiante e apanhou outra trilha, das muitas que por ali havia, na tentativa de localizar aquele animal grávido e levá-lo até ao curral.

È bom saber que esse menino já estava acostumado com o rebanho, pois era ele quem todas as tardes tangia o rebanho para a separação dos bezerros, afim de que na manhã seguinte fosse retirado o precioso leite. O menino continuava a busca do animal, quando ouviu o grito do pai a chamá-lo, o grito partia da baixada da Fazenda, ele gritou em resposta e desceu a ladeira por outra trilha, quando chegou à baixada, ouviu novamente o grito do pai já lá de cima, no platô, o garoto voltou a subir a ladeira, ao chegar ao platô, ouviu o grito do pai lá na baixada e ele desceu novamente a ladeira, ao chegar, novamente ouviu o grito do pai, lá do platô e voltou a subir a ladeira, ao chegar ao platô, ele ouviu novamente o grito do pai lá na baixada e novamente ele desceu a ladeira, enquanto o pai subia por uma trilha, o filho descia por outra e vice-versa, finalmente após muitos sobes e desces, o garoto não mais ouviu o grito do pai e decidiu por ir para à casa, ao chegar à casa, o pai rudemente deu-lhe uma grande tunda.

Aos oito anos de idade, aquele menino tentava entender o porquê de haver apanhado tamanha surra do pai, só depois de passados muitos anos e saber discernir as coisas com clareza, e ao relembrar dos fatos, estudando-os, foi que ele entendeu a preocupação do pai naquela época.

Considerações: aquele menino estava acostumado a cuidar das vaquinhas, era ele quem todas as tardes, buscavam-nas na invernada levavam-nas até ao curral a separá-las dos filhotes para a extração do leite na manhã seguinte, inclusive aquele menino, por muitas vezes extraiu o leite daquela vaquinha ora grávida em pleno campo, (solta) diretamente na própria boca, como se a mamar no animal estivesse, mas, com apenas oito anos, ele não sabia qual era a diferença, entre o animal manso com o qual se acostumara e a ferocidade daquele mesmo animal a proteger o filhote recém-nascido.

Considerações finais: jamais bata em uma criança, pois ela não entenderá o porquê de estar a ser castigada, a criança não entende a lei da tala. Contudo: certamente ela entenderá as palavras: vale lembrar que a palavra possui grande potencial. Converse com a criança de pessoa para pessoa, (tete-à-tete), (homo-a-homo) como se adulto ela fosse. A respeitar a todos os direitos dela.

A palavra leva ao entendimento; a violência, à violência.

Autor: Raimundo Chaves

reychaves
Enviado por reychaves em 17/05/2009
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