Uma curtíssima de pescador
Meu irmão Otamires estava a me ajudar na mudança no dia das enchentes do rio Piracuruca e em meio às lágrimas de minhas meninas e minha aflição ele me chama:
_Tetê, corre aqui...
E fui com o coração acelerando, pois na situação em que me encontrava: caixas com livros no meio da casa, um amigo que desmontava os móveis para as perdas não serem tão grandes e parentes mais distantes perguntando o que subir primeiro nos carros da prefeitura, acheguei-me a ele.
Estava de cócoras na porta da cozinha com um cabo de vassoura remexendo as águas barrentas da enchente que teimavam em entrar em minha cozinha:
_ Estás vendo estas minhocas? Significa que tem peixe nas águas... Na hora em que eu terminar de mudar tuas coisas irei pescar... Hoje à noite, eu te digo: “Farei a ti um belo peixe na brasa!”
A lágrima correu, mansa (tal agora que escrevo), entre a dor de me encontrar – como muitos vizinhos – naquela situação e o amor que eu sentia (o) por ele em sua simplicidade de viver (...)