Uma curtíssima de pescador

Meu irmão Otamires estava a me ajudar na mudança no dia das enchentes do rio Piracuruca e em meio às lágrimas de minhas meninas e minha aflição ele me chama:

_Tetê, corre aqui...

E fui com o coração acelerando, pois na situação em que me encontrava: caixas com livros no meio da casa, um amigo que desmontava os móveis para as perdas não serem tão grandes e parentes mais distantes perguntando o que subir primeiro nos carros da prefeitura, acheguei-me a ele.

Estava de cócoras na porta da cozinha com um cabo de vassoura remexendo as águas barrentas da enchente que teimavam em entrar em minha cozinha:

_ Estás vendo estas minhocas? Significa que tem peixe nas águas... Na hora em que eu terminar de mudar tuas coisas irei pescar... Hoje à noite, eu te digo: “Farei a ti um belo peixe na brasa!”

A lágrima correu, mansa (tal agora que escrevo), entre a dor de me encontrar – como muitos vizinhos – naquela situação e o amor que eu sentia (o) por ele em sua simplicidade de viver (...)

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 17/05/2009
Reeditado em 17/05/2009
Código do texto: T1598669
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