Moro em São paulo!! E agora? CAP. 21 O retorno

Moro em São Paulo! E agora?

Capitulo 21

O retorno.

Estava me sentindo enganado pela empresa “o melhor da madeira”. Ela me encheu de promessas, parecia ser bom demais. Mas a olhando de perto é uma empresa podre, que explora seus vendedores.

Todos que trabalham lá reclamam do salário, reclamam das vendas e da forma que o supervisor trata a todos, com muito desprezo e arrogância.

Como faltei cinco dias e as minhas vendas estava fraquíssima, adivinha? Cabei sendo demitido. Mas juro que não fiquei triste. Pagaram-me o que tinha de direito e peguei o dinheiro e decidi ir pra São Pedro. Afinal desde que cheguei a São Paulo meu contado com minha mãe é por telefone.

Preciso ir para lá. Pensar... Colocar minhas forças no lugar e depois eu volto pra recomeçar.

Fui pra casa de Fernanda, peguei algumas peças de roupas, coloquei dentro da mochila e parti rumo à rodoviária tiete, rumo a São Pedro. Quatro horas de viagem.

Desembarquei logo na entrada de São Pedro, no primeiro ponto do ônibus. Como é estranho Chegar aqui novamente. A cidade tem outro cheiro, outro gosto. Tenho a sensação que faz anos que não venho para cá.

Caminhando em direção a minha casa passa Camila de moto, ela me vê e apenas me da uma “buzinada” como comprimento.

Continuo caminhando.

Assim que dobrei a esquina para entrar na rua de casa me voltou às lembranças de tudo que já havia vivido ali. Acelerei meus passos, queria chegar em casa.

Abri o portão que rangeu estragando a surpresa que ia fazer para minha mãe. Minha mãe olhou pelo vitrô da sala e me viu soltando um grito:

-Rafael!! Meu filho!

Correu e me deu um abraço muito forte e gostoso. Estava precisando tanto daquele abraço, tava me sentindo tão desprotegido. Segurei para não chorar.

-filho porque não me avisou que iria vir? Eu tinha preparado um almoço especial!

-Eu queria fazer uma surpresa mãe!

Ficamos ali conversando e minha mãe perguntando como estava minha vida lá em São Paulo. Não tive coragem de contar pra ela sobre a morte de Jehh e nem sobre minha demissão.

-Esta tudo bem mãe!!

Apenas contei coisas boas pra ela. E minha mãe sorria. E comecei a olhar e alguma coisa mudou na vida da minha mãe. Não sei dizer bem ao certo, mas parecia que minha mãe também havia “crescido”, virado mulher. Estava mais bonita, estava feliz, estava forte. Senti-me em paz em vê-la assim. Minha mudança foi boa pra todos.

Ao terminar de almoçar, deitei um pouco no colo da minha mãe e ficamos vendo TV. Minha mãe fazendo cafuné nos meus cabelos... Ai que bom estar aqui, pensei.

Cochilei.

Quando acordei minha mãe não estava mais no sofá. E tinha um bilhete dizendo que ela havia ido ao supermercado. Então caminhei por entre a sala, fui para o meu quarto, para a cozinha e estranho que não senti mais que aquela casa era minha, ali não era mais meu lugar, ali agora se tornou a casa da minha mãe. Chorei... Eu realmente estava crescendo. Tornando-me homem.

Logo minha mãe chegou do mercado em trouxe sucrilhos com iogurte. Lembre-me de Jehh, ela não gosta de sucrilhos com iogurte. Que delicia. Mãe é mãe.

Sentei enquanto comia e minha mãe ia me dizendo que estava muito magro.

Logo ela começou a me contar as novidades de São Pedro. Que fulano de tal tinha casado, e fulana tinha se separado. E realmente minha mãe estava melhor do que pensava, ela me disse que sempre estava saindo, indo a festas e churrascos com minha tia. Pra quem conhece minha mãe ela sair significa realmente mudança.

-Você tem que ir à casa do seu pai! Você vai né? Perguntou.

-Claro que vou mãe! Vou sim.

Ir à casa do meu iria ser estranho. Pois quando disse para ele que mudaria para São Paulo ele foi totalmente contra, disse que lá a vida não era fácil e que eu não iria me adaptar e que logo estaria de volta. E agora estava com medo mesmo de voltar, porque já não tinha mais emprego e estava com pouco dinheiro. Mas eu tinha que ir ver meu pai. Então no finalzinho da tarde daquele sábado sai em direção à casa de meu pai.

No caminho encontrei algumas pessoas conhecidas e nossa conversa se resumia num simples “ta sumido menino”... Acompanhado de um sorriso amarelo.

PAI!!! Gritei em frente ao velho portão. Logo veio me atender a mulher do meu pai. Sorriu e ao abrir o portão me abraçou pedindo que entrasse.

-Meu pai ta ai?

-Ta sim... Ta na sala vendo TV.

Entrei. Quando meu pai me viu sorriu também.

-Oi Rafael... Senta ai. E foi se ajeitando no sofá me dando lugar.

Abracei meu pai. Mas ele ficou imóvel não me abraçando. Creio que na época do meu pai homens não se abraça... Mas sou seu filho pensei.

Sentei.

Senti um clima estranho. Sentia-me como se tivesse na sala de pessoas desconhecidas. A gente nunca sabe o que falar com pessoas desconhecidas. Qual o assunto?

-Esta trabalhando Rafael?

-To sim pai. To vendendo portas e janelas.

-Hum...

Acabou o assunto. Meu pai virou-se para TV e continuou assistindo. Estava passando Caldeirão do Hulk. Meu pai não perguntou como eu estava, meu pai não perguntou como era minha vida em São Paulo, meu pai não me perguntou mais nada.

Sentia um nó na garganta.

Perguntei do meu irmão... ”ta la no quarto” disse ele.

Fui pro quarto e ele tava na internet. Viciado. Normal. Sai do quarto fui pra cozinha..conversei um pouco com a mulher do meu pai.

Engraçado que sempre a odiei, mas foi nela que encontrei um pouco de “conforto” naquela hora estranha. Ela m perguntou todas as perguntas que queria estar respondendo para meu pai.

Fiz meia hora de visita e sai de lá com desculpa de ir ver minha vó.

Fui embora. Estava mal.

Voltei pra casa e la fiquei.

À noite logo depois do jantar fui pra casa da minha tia com minha mãe. Ficamos la apenas jogando conversa fora.

Por volta das onze e meia estava em casa dormindo.

No domingo... Almocei. Tirei um cochilo. À tarde não sei o que foi, mas já não estava mais querendo ficar em São Pedro. Arrumei minha mala e fui embora. Com a desculpa que tinha que trabalhar na segunda de manhã.

Minha mãe ficou novamente no portão me dando tchau até que eu dobrasse a esquina.

Sai tão triste de São Pedro. Pensando o quanto eu amo minha mãe, meu pai... Mas eu não faço parte do mundo deles, eu não faço parte daquela cidade. Eu sou diferente.

Tenho que recomeçar de novo em São Paulo.

LEO CAMPOS
Enviado por LEO CAMPOS em 12/05/2009
Código do texto: T1589719
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