Atormento de Opostos
em um pedaço de papel qualquer.
Hoje eu conversei bastante, era o silêncio preencido em um sorriso. Então ele me pedia para mostrar uma canção que me deixava feliz [...]. O sorriso se desfez e no lugar dele a interrogação de quem não entende como a tristeza e a calma me deixam alegre.
Expliquei que gosto de opostos. De um lado a calma, do outro a tormenta de pensamentos. Contei em silêncio que não me entrego ao sofrer sem fim, que gosto de sorrisos como aqueles, tão sinceros. E das histórias que contavamos em poucas palavras.
Contei da guerra onde encontrei a paz. Das contradições. Dos medos. Das vontades. Revelei em segredo que sou uma mulher dividida em muitas. Que sonho como as escritoras de antigamente. Penso como aquelas belas mulheres de filmes antigos que eram fortes demais para ser apenas mais uma, daquelas com roupa de época mesmo estando fora do contexto. Tenho um pedaço da insensibilidade dos homens. Dos jogos onde o final é previsivel. Hoje, queria terminar a noite em um lugar qualquer, com alguém que conquistei para mim.
O sorriso me pedia para falar do improvável, do impossível, do inadiável. Me pedia em silêncio que falasse do mundo lá fora, como eu o via. Era isso, como vemos, de um jeito tão diferente cada um desses olhares cansados.
Foi quando o sorriso se afastou sem uma palavra...
Era uma criança para quem falei da minha forma de me dar.