Entre cinzas,negros,amarelos e lilás
Entre cinzas, negros, amarelos e lilás
Decidi revolver a terra dos vasos. Troquei o amor-perfeito, carecia de lugar mais amplo. É maior. Pus numa antiga cerâmica, qual um tacho de tons laranja amarelados que guardavam um grande arranjo de azuis que empoeirados, nunca morrem.
No pequeno alpendre da varanda bate vento, e um feixe de sol da à cor principal um amarelo mais dourado com nuances lilás em contorno. O tacho as flores e o batente azul desbotado, envelhecido do alpendre fazem tudo ser uma verdadeira pintura. Tal é a sensação mais crível quando é azul lá fora então há um fundo vivo com direito a algumas generosas porções de algodão.Infinita e radiosa beleza.
Ontem acordei febril e com tosse, tomei um chá e atei minha rede no meio da varanda era de lá que vivia a obra de arte que são os meus lindos amores- perfeitos. Aos poucos pesam os olhos e os cerro lentamente. Tomo-me em viagem e descanso.
Vejo dois distintos jardins um em cores outro em negras fagulhas, flores carbonizadas, fuligem, metros entre o preto e o cinza. Caminho meio as flores, muitos Girassóis que volteiam conforme ando como que coreografado, seguem-me em movimentos procuro então dele a saída e num repente as flores amarelas roubam-me o ar, sem gás empalideço, eles roubam-me o sangue. Quase desmaio, lívida olho em frente e uma pequena passagem me sorve daquele mal sentir.Sinto o aspirar recobrado, estou meio ao jardim dissipado. Caminho por entre cinzas, mas meus pés permanecem limpos e confortáveis. Um ar salutar não condiz com a falta de vida, viço. Mas é lá que respiro. Em quilômetros entre os frangalhos, indistintas flores destruídas, vejo um pequeno destaque em amarelos e lilás. Caminho até ele encontro ali meio as cinzas o meu tacho de amores-perfeitos, vivos, orvalhados em buliçosas cores, aroma doce destilando. Ao aproximar desapareço,ele e eu somos um, nos confundimos.Mas uma certeza, é ali que queremos ficar.
Quase as vinte acordo em suores, já estou bem, a febre se foi. Olho em volta, percebo ser noite, há um forte aroma imperturbável de flores no ar. Pareço que voltei, retornei não sei ao certo.Olho meus pés, e surpreendentemente estão sujos, completamente negros como que houvessem pisado carvão.
Sem muito entender olho em volta, esfrego os olhos, minha flor está lá. Mas bem abaixo de minha rede, como um presente, está deitado um lindo e vivo Girassol.
A terra queima, mas há uma flor no coração daqueles que crêem no partilhar, no preservar, quer sejam flores, frutos ou belos sentimentos, como o amar verdadeiramente.
Agora sim. Posso dormir desta vez envolta e aconchegada em muita paz, muitos tons de amarelos e lilás.