Estáticos
Esperava uma tarde de alegrias e diferentes situações ao sair de casa. Pausei por instantes esse pensamento para observar duas pessoas na frente de uma casa pequena e humilde. Estavam sentados num banquinho de madeira uma senhora de seus sessenta anos e um homem que aparentava ter quarenta ou mais. Ele trazia um violão, que não tocava. Ficava sempre na mesma posição, segurando o tal violão como se fosse tocá-lo, mas nunca tocava.
Logo cheguei ao meu destino e nem me lembrei mais daquilo. A tarde fora ótima, assim como imaginei que seria. Inquieta que sou, não parei um só minuto: ora fotografava, ora conversava, ora ouvia música, sempre com um sorriso. Várias atividades, situações das mais diversas, sem descanso. E quem disse que eu queria descansar? Queria era viver!
É chegada a hora de voltar pra casa. E me admirei ao perceber que aquelas duas pessoas que avistei mais cedo continuavam no mesmo lugar, na mesma posição, com as mesmas perspectivas (ou até mesmo sem perspectivas). Em seus olhares havia o vazio, aquele vazio que circunda a alma. Passei silenciosamente. E muito pensei. Aquilo me pedia para lutar, fazer o contrário do que avistara, pois estar parado é não tentar.