Hepatite B - cap I - Tenho Direito!
Para se escrever um artigo médico, ainda mais quando direcionado ao público leigo, tenho que estudar bastante... Mesmo que eu tenha conhecimento sobre o tema, é necessário que eu me atualize sempre, saiba o que anda rolando de novo por aí, as estatísticas (isso me mata!), saber o que outros médicos andam dizendo e até reestudar detalhes que eu tinha esquecido ou nem sabia. Ou seja: estou sempre aprendendo.
Falar com o público, ensinar assuntos que para mim são de suma importância, relacionados principalmente à saúde, tentando conscientizar as pessoas, é tarefa muitas vezes perigosa, pois podemos nos afastar da linha profissional e esbarrarmos na linha poética ou literária, correndo o risco de dar alguma entonação pejorativa aos temas abordados. Sendo assim, divido o tema HEPATITES em duas partes (quem sabe serão mais?). Procurarei passar a minha preocupação com o assunto publicando primeiramente um diálogo que tive com uma paciente recentemente, que aborda sobre hepatite B e vacina. Posteriormente passarei o texto “sério”, ou melhor, o artigo médico.
Para melhor visualização e entendimento, grifo em vermelho os dizeres de uma paciente, e em azul, os meus:
- “Vim aqui para a senhora fazer outra receita para eu me vacinar contra hepatite B”.
- “Ué, perdeu a anterior?”.
- “Não, tá aqui...”.
- “Então?!”.
- “É que eu quero me vacinar no posto de saúde e já passei da idade de vacinação, que é até 19 anos”.
- “Entendo, eles não têm vacina pra todo mundo... O jeito é fazer em particular”.
- “A vacina em particular, cada dose deve custar uns 80 paus. Prefiro pagar uma conta com esse dinheiro. Só que eu acho que deva me vacinar sim, se existe a vacina... Mas no posto disseram que eu posso conseguir, desde que a senhora diga que eu sou do grupo de risco...”.
- “Bem, você teoricamente não está nos critérios escolhidos pelo governo para a vacinação. Precisa estar fazendo hemodiálise, ser transplantada, ter imunodeficiência por alguma razão, ou ser profissional da área de saúde, homossexual masculino ou mulher com múltiplos parceiros sexuais, usar drogas endovenosas com agulhas compartilhadas, coisas assim...”.
- “Ótimo! Coloca aí que eu sou prostituta!”.
- “Mas você só tem o Zé, não é?”.
- “Eu só tenho o Zé, mas será que o Zé só tem a mim?”.
- “A meu ver, existe outra importância na vacinação: o risco de uma transfusão com sangue contaminado”.
- “Tudo pode acontecer, doctor. Se eu não fui vacinada na infância e se esta vacina existe, por que é que eu tenho que ficar exposta? Por que outras pessoas têm esse direito e eu não?”.
- “É coisa de estatística, senhora. O governo faz a estatística de quem está mais predisposto à contaminação e escolhe um grupo pra vacinação, entendeu?”.
“Entendi e não aceito!”.
- “É... Se não tenho outra opção, colocarei que tem múltiplos parceiros sexuais...”.
- “Nunca gostei tanto por me chamarem de puta...”.
Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com
Para se escrever um artigo médico, ainda mais quando direcionado ao público leigo, tenho que estudar bastante... Mesmo que eu tenha conhecimento sobre o tema, é necessário que eu me atualize sempre, saiba o que anda rolando de novo por aí, as estatísticas (isso me mata!), saber o que outros médicos andam dizendo e até reestudar detalhes que eu tinha esquecido ou nem sabia. Ou seja: estou sempre aprendendo.
Falar com o público, ensinar assuntos que para mim são de suma importância, relacionados principalmente à saúde, tentando conscientizar as pessoas, é tarefa muitas vezes perigosa, pois podemos nos afastar da linha profissional e esbarrarmos na linha poética ou literária, correndo o risco de dar alguma entonação pejorativa aos temas abordados. Sendo assim, divido o tema HEPATITES em duas partes (quem sabe serão mais?). Procurarei passar a minha preocupação com o assunto publicando primeiramente um diálogo que tive com uma paciente recentemente, que aborda sobre hepatite B e vacina. Posteriormente passarei o texto “sério”, ou melhor, o artigo médico.
Para melhor visualização e entendimento, grifo em vermelho os dizeres de uma paciente, e em azul, os meus:
- “Vim aqui para a senhora fazer outra receita para eu me vacinar contra hepatite B”.
- “Ué, perdeu a anterior?”.
- “Não, tá aqui...”.
- “Então?!”.
- “É que eu quero me vacinar no posto de saúde e já passei da idade de vacinação, que é até 19 anos”.
- “Entendo, eles não têm vacina pra todo mundo... O jeito é fazer em particular”.
- “A vacina em particular, cada dose deve custar uns 80 paus. Prefiro pagar uma conta com esse dinheiro. Só que eu acho que deva me vacinar sim, se existe a vacina... Mas no posto disseram que eu posso conseguir, desde que a senhora diga que eu sou do grupo de risco...”.
- “Bem, você teoricamente não está nos critérios escolhidos pelo governo para a vacinação. Precisa estar fazendo hemodiálise, ser transplantada, ter imunodeficiência por alguma razão, ou ser profissional da área de saúde, homossexual masculino ou mulher com múltiplos parceiros sexuais, usar drogas endovenosas com agulhas compartilhadas, coisas assim...”.
- “Ótimo! Coloca aí que eu sou prostituta!”.
- “Mas você só tem o Zé, não é?”.
- “Eu só tenho o Zé, mas será que o Zé só tem a mim?”.
- “A meu ver, existe outra importância na vacinação: o risco de uma transfusão com sangue contaminado”.
- “Tudo pode acontecer, doctor. Se eu não fui vacinada na infância e se esta vacina existe, por que é que eu tenho que ficar exposta? Por que outras pessoas têm esse direito e eu não?”.
- “É coisa de estatística, senhora. O governo faz a estatística de quem está mais predisposto à contaminação e escolhe um grupo pra vacinação, entendeu?”.
“Entendi e não aceito!”.
- “É... Se não tenho outra opção, colocarei que tem múltiplos parceiros sexuais...”.
- “Nunca gostei tanto por me chamarem de puta...”.
Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com