Saco Cheio!!!
Porra! Estou cheio!
Cheio das falácias governamentais que insultam meu raciocínio
Cheio do bombardeio das desculpas infantis e dissimuladas
Cheio das caricaturas de mau gosto riscadas pelo desespero
Cheio dos disfarces acanhados, vestidos de sorriso amarelo
Cheio do apoio sufocante, escondido no tapinha nas costas
Cheio do discurso óbvio de sociólogos mais óbvios ainda
Cheio de exercitar os passos sobre a miséria calada
Cheio do analfabetismo político, maquiado em diplomas de celofane
Cheio de suar ao sentir a aproximação da incompetência fardada
Cheio das intrusões primitivas, ancoradas no sonho dos outros
Cheio das cobranças raivosas dos inúteis crônicos
Cheio das latinhas vazias arremessadas pelo Brasil passageiro
Cheio de torcer pela desorganização das torcidas organizadas
Cheio da inaptidão pedagógica dos pais cegos
Cheio dos palpites ocasionais que fomentam a ignorância
Cheio do discurso religioso que só me faz descrente
Cheio do arrastão social que morre lutando
Cheio das promessas fantasiosas a cada quatro anos
Cheio dos governantes que “nada sabem” ou “nada viram”
Cheio da amnésia idealista, refém do cotidiano veloz
Cheio da atmosfera pegajosa a prova de bala
Cheio do cuspe juvenil defendido em rebeldia oca
Cheio da marcha fúnebre que conduz o destino
Ufa... que vazio gostoso.