Peregrino em terra estranha...
Peregrino em terra estranha, o Fenixvaldo
Fenixvaldo chegou com jeito de quem era de fora. Meio cabreiro. Assuntando. Examinou a cadeira e viu que estava meio respingada. Logo, logo, o garçon encostou e passou um pedaço de pano. Depois, enxugou também a mesa.” Em que posso lhe servir doutor ?” Ele admirou-se da educação do outro. Geralmente, eles perguntavam “quer alguma coisa ou então”uma cervejinha, doutor ?”- Campari, tem ? Uma dose de Campari,por favor.” E ele sentou á mesa do Pingo D´agua.12 horas. Meia noite de uma sexta-feira. Uma noite fria. Muita chuva no mês de maio, já era tempo de parar este inverno, pensou. Lembrava do tempo em que morava no interior. Do inverno forte, dos trovões que metiam medo e dos banhos de chuva no meio da rua principal. E da namorada gordinha,do rosto bonito de propaganda de bombom.Da vez em que foi flagrado com a mão dentro das calcinhas da menina-moça e ficou sem jeito,diante da tia da garota que parou e olhou. Ele não sabia se tirava a mão ,se corria, se sumia.Felizmente, a velha saiu resmungando e do corredor, gritou para a menina ir dormir que no outro dia tinha missa das seis horas na igreja da matriz. Não sabe porque veio á sua cabeça a lembrança da namorada gordinha.Talvez porque tenha sido a única que tenha passado incólume, a única entre tantas que ele “mexeu”. Lembra que ela segurava a mão dele e dizia que só quando casar. O máximo que podia consentir era carinho nos seios, nos peitos fartos e mais ou menos duros.Peitos perfumosos, abrigando seu nariz, seu rosto procurando jeito de ficar ali, cheirando, cheirando que não tem nada mais cheiroso do que peito de menina-moça, botão em flor. O pensamento foi cortado pela chegada daquelas três mulheres.Uma feia, uma mais ou menos e uma bonita.Alta, dos seios grandes, pernas longas, rosto inquieto,era a que chamava atenção. As outras duas, eram comuns, dessas que freqüentam o Pingo Dagua, bebem, dançam e saem com os caras e ninguém repara. A menina dos peitos grandes, esta sim, era olhosa de se olhar. Nova no trecho, talvez estreante no pedaço.Ousada.Foi para a pista de dança e parecia veterana.Dançava bem e com sensualidade. O cara que dançava com ela queria “se aparecer”.Os que estavam á mesas perto da pista observavam a caça nova e procuravam ver quem era o dono do pedaço.O dançador não tinha cara de bancar aquele mulherão,lapa de mulher,era ver uma mulher da Bete Cuscuz. Ele ficou inquieto. Ir ao banheiro é uma tática. Passar perto da mesa e assuntar.Agora, sentada com mais duas colegas e o cara. Que não tinha cara de ser patrocinador. Conversa. Papo. Comprar um saco de pipoca. Ela olhou. Ele ofereceu e ela fez que não era com ela. Esnobou. A companheiro a cotucou.Ela não se tocou. Fez de conta que não estava nem ali.Uma mesa desocupada. Ele puxou uma cadeira e sentou. Pediu ao garçon para trazer a sua bebida para aquela mesa e perguntou, em voz alta para que ela ouvisse se tinha camarão ao alho e óleo. Pediu uísque. Arrependeu-se. -Não.Traz o campari que eu deixei naquela mesa e bota aqui.” Um piscar de olhos, uma chamada com o dedo. Ela veio. Como uma rolinha no visgo. Apresentações.Estudante de enfermagem, faculdade particular.Pai no interior, adoeceu, gastou muito com a doença, não pode mais mandar a mesada dela.Anda atrás de emprego.Está com a mensalidade atrasada. Jogo rápido. Menina despachada, Foram dançar. Seios grandes e quentes.Calma, Fenixvaldo. Danças, camarão ao alho e óleo, campari, cartão .Ele deu seu numero de celular, no cartão.”Passe amanhã no meu escritório.”Ele sentiu que tinha pisado em terra firme, passarinho no visgo.Ela pediu para ele a deixar em casa. Estava enfadada, cansada,tivera aula prática. Para ele a deixar na casa da tia.. E foi assim que tudo começou. Doutor Fenixvaldo vai ser o padrinho dela, na colação de grau. Vai aproveitar para dar também a aliança de noivado. Jogo rápido.