Boa noite Feliz Natal ! - O dia seguinte...
Quando o dia clareou quis me espreguiçar, mas estava sentada. Não me atrevi a abrir os olhos, pois, da última vez que tinha dormido sentada, ao abrir os olhos, a única coisa que vi foi uma enxaqueca travestida de bigorna, tendo como algoz um martelo de ferro pesadíssimo sendo usado por uma cama giratória.
Apurei os sentidos e o cheiro de café entrou narinas adentro, não senti o estômago revirar – portanto, e era uma lógica – então não havia bebido. De olhos fechados e com fortes dores nos joelhos comecei a pensar:
- Onde estava?
- Porque diabos havia dormido sentada?
- Quem fazia o café?
- De onde estava vindo aquela dorzinha chata no pescoço?
- Eu não sinto minhas mãos!
- Morri e em vez de ir para o céu fui para a padaria.
Resolvi abrir metade de um olho para não forçar a inteligência. E se eu tivesse sido abduzida? Já tinha tanta conversa a respeito de Alienígenas e seus ÓVNIS que a idéia me pareceu a mais sensata. Abri tão devagar que me deu câimbra no cílio e tive que fechá-lo a força para abrir o outro um pouco mais rápido. Gemendo de dor - não ousei dizer um “ai” boca fora e ia engolindo tudo - dei de cara com a minha irmã sentada à minha frente, dormindo! E aquele cheiro de café! Que dor no pescoço barbaridade!
Fechei o olho sem câimbra e tive dois tipos de pensamento:
1-Ela foi abduzida comigo – logo, não estava mais sozinha dentro da nave.
2-Nós tínhamos tomado um porre e, bem, as conseqüências eram aquelas.
Ouvi um farfalhar de toalha e um gemido vindo do meu lado esquerdo, fiz um tremendo esforço para me virar porque o olho bom era o direito e o pescoço já estava no último estágio do torcicolo. Era meu marido! Dormindo sentado também! Um palito de fósforo foi riscado. Onde? Onde? Teria que abrir os olhos e encarar esse pesadelo, ou então dormir mais um pouco e esperar que se acabe.
Foi então que um grito ecoou em nossos ouvidos como uma sirene de ambulância:
- Acordem, acordem, o café está pronto!!
Mamãe entrou na sala com toda a sua delicadeza chacoalhando um por um, sem querer saber de câimbras, choros e lamentações.
- Quem mandou vocês dormirem aí na mesa?
- Os presentes? Os presentes nós abrimos para ver o que eram.
- Ah! Não me pergunte o que era de quem. Vamos, levantem!
- A culpa é de vocês! Porque tomaram aquele remedinho?
Sim! Porque tomamos?