Moro em São paulo!! E agora? CAP. 20 Mil vozes... e um Deus

Moro em São Paulo! E agora?

Capitulo 20

Mil vozes... Um DEUS Verdadeiro...

Como sempre fazia, esperava minha mãe sair pra trabalhar. Levantava-me da cama e corria para o portão para trancá-lo. Essa vez a ansiedade era tamanha para começar a ter visões que não me lembrei de fazer.

Fui ate o quintal, peguei a lata de cola que ficava escondida no alto do pé de caju que plantei aos sete anos. Sentei-me no degrau da varanda e orei como sempre fazia.

Orava para Deus me proteger de todo mal e me dar sabedoria para entender as visões.

E pronto começava a luta.

Logo o mundo começou a ter cor, logo o silencio tinha ido embora.

Já não estava mais sozinho.

Não sei dizer qual foi o motivo. Não sei acho que apaguei e quando dei por mim aquilo já estava acontecendo e eu obedecendo.

Parecia que havia mil vozes falando em minha cabeça.

Todas falando ao mesmo tempo:

“se mata que é melhor! Sua vida não tem jeito. Vai e se enforca. Você nunca vai ser ninguém...” repetiam essas frases sem parar na minha mente.

Eu creio que nunca chorei como chorava naquele dia, naquela manhã. Chorava muito... E comecei a obedecer às vozes. Peguei a corda do varal, que na verdade era aqueles fios elétricos grossos que com certeza iria agüentar o meu peso.

Subi em cima do tanque de lavar roupas e amarrei o fio na madeira da varanda. Fiz o laço... As vozes não paravam... Eu não conseguia pensar em nada... Só podia ouvir as vozes... Coloquei o laço em volta do meu pescoço... Chorava... Fui dar o salto fatal... Minha avó paterna aparece do nada na porta da cozinha.

Ela gritou... Clamou pelo Sangue de Cristo na hora... Correu até o tanque e me tirou de cima.

Sei que foi Deus que não permitiu minha morte. Sei que naquele dia realmente iria morrer se Deus não tivesse enviado minha vó em casa. Foi Deus! Minha vó nunca vai à minha casa. Eu sempre tranco o portão e naquele dia eu não tranquei... Foi Deus.

A partir desse dia toda minha família ficou sabendo do que eu fiz, do que eu estava fazendo... Minha mãe só chorava a partir de então.

Mas pensa que parei de buscar as vozes??? Já não conseguia mais parar... Estava viciado em cola de sapateiro. E mais viciado ainda viver naquele mundo “mágico” que a cola me proporcionava.

Passado algumas semanas do ocorrido eu ainda estava cheirando muita cola. Quando não tinha dinheiro para comprar, roubava dinheiro da minha mãe, das minhas tias, da minha vó... Sempre dava um jeito.

LEO CAMPOS
Enviado por LEO CAMPOS em 02/05/2009
Código do texto: T1571532
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